Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 30 de maio de 2006

Quem Somos Nós?

Quem somos nós? De onde viemos? A realidade é realmente tão simples quanto nos é apresentada? Perguntas como essas são colocadas em debate nesse intrigante documentário carregado de várias correntes científicas, mas que tem como carro-chefe algumas das teorias mais avançadas e abstratas da física quântica.

Apesar de ser um documentário, o filme joga várias cenas fictícias, que atuam como um exemplo das complexas teorias que são abordadas na película. Afinal, não há melhor forma de educar do que o exemplo. Dessa forma, somos apresentados à nossa protagonista Amanda (Marlee Matlin), uma fotógrafa que passa por uma crise existencialista e passa a ver o mundo de uma forma inusitada, “como um observador alternativo”, encarando vários demônios de suas lembranças passadas. A personagem, carregada de uma baixa-estima “auto-depreciativa”, passa por uma série de experiências que vão lhe mostrar que o que somos, inclusive nossa aparência e como as pessoas nos vêem, são reflexos do que achamos de nós mesmos. Reflexos do que cada célula do nosso organismo e, principalmente, do que nossa mente pensam ao nosso respeito. E as células pensam? Segundo o filme, são a menor partícula consciente que existe. Louco não? Amanda então vai nos levar a uma reflexão sobre nós mesmos, nos levando a imaginar se o universo é realmente essa coisa fechadinha que nós vemos geralmente ou se é uma infinita gama de possibilidades.

O único aspecto negativo do filme é a audácia com que ele tratou, em especial na tese de uma mestra, sobre o tema religião e ciência. Ele se envereda pelo arriscado e tortuoso caminho de explicar o que é Deus. Se essa religião, que está por aí a nos cercar, é algo realmente certo ou se é algo imposto, que acaba nos alienando, contrariando, destarte, um dos princípios da física quântica (pelo menos do que eu pude inteligir do filme), que seria a liberdade de escolhas. Como a maioria de nós segue uma religião, trata-se de um tema sempre sinuoso, o qual eu creio ter sido tratado de maneira infeliz pela mestra da Escola Iluminação Ramtha, que disse que Deus é cada um de nós, visto que nós criamos a realidade à nossa volta, e, conseqüentemente, todo universo posto à nossa volta. Arriscado não? Certo falar em liberdade de escolha, todavia misturar isso com o conceito de Deus é algo que pode divergir opiniões. Eu não sou nenhum religioso fervoroso – sou católico quase não praticante -, mas concordo, com base filosófica, que o conceito de Deus não pode ser distorcido a esse ponto.

Aos existencialistas de plantão e para aqueles que querem ter uma noção do mundo além da nossa imaginação, Quem Somos Nós? é uma excelente opção. Caso você tenha se interessado pela temática, arrisque-se. É bem provável que, ao menos, simpatize.

Jonas Maciel
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