Quando as Torres Gêmeas foram atacadas em 11 de Setembro de 2001, sabia-se piamente que esse trágico fato renderia muitos filmes e produções sobre o fatídico acontecimento. Uma das primeiras a relatar foi esse longa composto de 11 curtas, com a visão de 11 diretores diferentes, de diferentes países.
O “slogan”, se é que se pode chamar disso, anuncia o filme como 11 minutos, 09 segundos e 01 frame. Existem curtas excelentes e curtas ruins, e os que estão na média. Existem os mais poéticos, os mais políticos, variando de diretor para diretor. Vou falar de cada curta e dar uma nota a eles, ou seja vou recomendar os melhores. Cada curta recebe o nome do país do diretor, portanto:
Egito, de Youssef Chahine – Um dos melhores curtas, conta a história do próprio diretor, que estava a fazer uma filmagem em Nova York, mais precisamente do World Trade Center. Como seu pedido de filmagem doo local foi negado pela polícia, ele não estava presente, mas pressentiu algo de errado por vir. No dia 12 de setembro ele concede uma entrevista, e fica se imaginando sobre esses tristes fatos que assolam o mundo, na companhia de um soldado americano em espírito. Gostei bastante deste curta, trata de um modo simplório, pondo a visão do ser mais afetado pelas guerras, o soldado. 9/10
Israel, de Amos Gitai – O pior curta, muito chato. Conta a história de uma jornalista israelita que a todo custo quer conseguir a matéria principal, e pensa que o atentado em um bairro local iria conseguir isso. Porém isso ocorre ao mesmo tempo que o atentado de 11 de Setembro e ela tenta o curta inteiro conseguir transformar a matéria, na matéria principal. Chega a ser constrangedor uma pessoa agir daquela forma. Muito fraco e chato. Os onze minutos parecem uma eternidade. 3/10
México, de Alejandro González Iñárritu – Este é com certeza o curta que quase todos irão achar o pior. Fãs do cara, não esperem curtas como seus filmes, é algo completamente diferente. o curta não tem uma história propriamente dita, percebendo-se apenas que é a visão de pessoas dentro do WTC quando os aviões caíram. Quase todo curto é composto por uma tela preta com vozes no fundo. E vale apenas pela belíssima mensagem ao fim do filme. 6/10
Japão, de Shohei Imamura – É uma boa curta que retrata como um soldado japonês que lutou na 2ª Guerra Mundial, que após ver tanto desgraça resolveu ser uma cobra. O curta é bom, a única coisa que não entendi é a relação com 11 de Setembro. 6/10
França, de Claude Lelouch – Também um dos meus preferidos, esta curta é uma das que abordam o fato com a “poesia”. Um guia para surdos-mudos em Nova York, está acostumado a levar os turistas para o WTC. No dia 11 de Setembro, sua namorada que também é surda-muda tem um pressentimento, eles discutem e ele sai. Basicamente é isso, mas é mostrada de um jeito tão lírico, tão emocionante que não tem como não gostar. 10/10
Reino Unido, de Ken Loach – Gostei muito particularmente deste curta por traçar um paralelo entre o 11 de setembro americano (2001) e o chileno (1973). Um chileno que mora no RU, escreve uma carta para as famílias que perderam alguém no WTC, enquanto isso conta sua história de exilado, por ser contra o golpe de poder de Pinochet em 1973. O que chama mais a atenção é como o estardalhaço feito por 11 de setembro de 2001 foi muito maior que o de 1973, sendo que o segundo houve muito mais mortes. “Eu me lembrei de vocês e espero que vocês se lembrem da gente.” 10/10
Irã, de Samira Makhmalbaf – Bom mas cansativo. E isso muita vezes pega num filme que tenha 11 minutos. Mas vale pela trama. Uma professora no Irã tenta ensinar seus alunos por terem respeito as nações, e tentar acabar com a ignorância, por nem saberem o que tinha ocorrido. 6/10
Índia, de Mira Nair – Gostei também bastante desse que aborda o preconceito aos mulçumanos nos EUA após WTC. Um rapaz mulçumano é acusado de ser um dos terroristas depois de sumir após o fato. Assim sendo sua família começa a ser perseguida. Bem interessante, com um roteiro ágil e envolvente. 9/10
Burkina-Faso, de Idrissa Ouedraogo – O mais divertido, digamos assim, pois é o único que aborda a comédia para relatar o fato. Um grupo de adolescentes muito pobres do país, começa a perseguir um cara que eles juravam ser o Bin Laden para conseguir a recompensa, comprar remédios para a mãe e um deles e ele voltar ao colégio. Vale pela espirituosidade. 7/10
Bósnia-Herzegovina, de Danis Tanovic – Também não gostei deste. Meio sem lógica e fundamentação, conta a história de um monte de mulheres que saem a rua para protestar, e no dia 11 de julho de 1995 (trazendo a memória de outro atentado) elas não querem fazer o protesto. Sendo apenas uma delas que protesta (!) para fazerem tal. Resumindo: é idiota. 3/10
EUA, de Sean Penn – Eis meu preferido. Não sou muito fã do diretor-ator Sean Penn, mesmo apreciando muitos de seus trabalhos. Provavelmente por sempre abordar o mesmo tema e não acrescentar muito a produção. JAMAIS imaginaria que Sean Penn pudesse realizar algo tão profundo, poético e sensível. Foi uma grande surpresa, já que o que mais apostava era de González. Penn convidou Ernest Borgnine, que estava apagadão do cenário, e o tornou-o numa “estrela”. Perfeita sua atuação. Bom, vamos a simples e vaga história, que é extraordinário pelo seu desenrolar: Um homem, já senhor, continua a viver sua vida normalmente, com a mesma rotina, mesmo depois que sua esposa morreu. E não é por que ele não gostava dela, e sim por que para ele, ela nunca morreu. Soberbo, triste, alegre… Uma convulsão de emoções. 10/10