Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quarta-feira, 04 de janeiro de 2006

Doze é Demais 2

Este é um filme fraco. A palhaçada, ou pelo menos, as partes engraçadas do filme ficam por conta da dupla Steve Martin e Eugene Levy, e das crianças, que continuam uns demônios quase incontroláveis. O resto é completamente dispensável.

O ano de 2005 acabou com a estréia de uma seqüência. Seqüência que será a palavra mais ouvida e assistida no ano de 2006. Hollywood está vivendo uma fase complicada. Já não sabemos se existe uma crise de roteiros e/ou criatividade, ou se no final das contas, o que importa são as cifras milionárias. Por isso estão saindo tantas seqüências, tantas adaptações e poucas novidades. E, geralmente, quando tem uma seqüência, o primeiro filme sendo ruim, a continuação tende a ser pior. É o que acontece em Doze é Demais 2. Onde tudo que já funcionava pouco na versão original, funciona menos ainda neste.

No filme, Tom Baker (Steve Martin) e sua esposa Kate (Bonnie Hunt), querendo levar a família toda para férias de verão inesquecíveis, vão com seus doze filhos para o rústico Lake Winnetka, Wisconsin – onde a casa de férias da família existe há bastante tempo. Mas seu local de repouso vira um campo de guerra quando entram numa competição com os obcecados membros de outra grande família liderada pelo rival de longa data de Tom, Jimmy Murtaugh (Eugene Levy).

Todo o elenco do primeiro filme está presente na sua continuação (exceto Ashton Kutcher). Hilary Duff (no papel de Lorraine), Tom Welling (como Charlie) e Piper Perabo (a filha mais velha, Nora, que está grávida) estão indo embora de casa. Sarah (Alyson Stoner), uma menininha que usa roupas masculinizadas, de baixa auto-estima (quase um clichê da idade), acaba se apaixonando por um dos filhos de Jimmy (Taylor Lautner, o garoto que fez o Shark Boy em As Aventuras de Shark Boy e Lava Girl). Daí boa parte da trama consta na moça querendo aprender a se maquiar, se vestir melhor, etc.

O pior é que tem gente que mal percebe que Tom Welling está no filme. Ele pouco aparece. Um conhecido, após a sessão, disse que só sabia que ele tava no filme, porque após a exibição, viu o gigante cartaz e constatou que ele estava lá no fundo. Bem o papel dele no filme. Bem no fundo, para ninguém perceber. Hilary Duff, que era até bonitinha, agora ficou anoréxica e está horrível. Também assim como seu papel: dispensável. Até os gêmeos do filme, são melhores do que esses daí. E Carmen Electra, que faz a mulher de Jimmy Murtaugh, poderia ter sido substituída por qualquer outra gostosa.

A palhaçada, ou pelo menos, as partes engraçadas do filme ficam por conta da dupla Steve Martin e Eugene Levy, e das crianças, que continuam uns demônios quase incontroláveis. Por mais que a gente se esforce para gostar do filme, as repetições do anterior e a falta de criatividade do roteiro fazem com que o filme se torne banal. Talvez Martin e Levy consigam se sair bem no filme porque não possuem filhos na vida real. Por isso eles acabam levando tudo na esportiva e não conseguimos ver nem um pingo de sentimento paterno em suas interpretações. A dupla se saiu bem melhor do que esse filme em “A Casa Caiu”, onde atuavam juntos. Eles também trabalharam juntos pela primeira vez no ano de 1995, em O Pai da Noiva 2.

Para ter uma idéia, o filme original fez mais de US$ 190 milhões em todo o mundo. Por isso que foi produzida esta seqüência. Este segundo não deve chegar nem perto deste número. Principalmente por querer dar uma de Disney, e ficar dando lição de moral a todo instante. E o pior de tudo é que em algumas cenas, dá para perceber que são dublês, como a cena da lancha, onde Steve Martin faz acrobacias. Lembrei muito dos filmes dos trapalhões. E só para dizer que não comentei, a direção de Adam Shankman é fraquíssima, assim como a do seu filme anterior, Operação Babá. Às vezes parece uma bagunça tão grande, umas tomadas tão feias, que nos perguntamos se existe alguém dirigindo o filme. O que salva mesmo é a trilha sonora com algumas músicas conhecidas, como uma da cantora Madonna e outra da banda Maroon 5.

Como o filme saiu numa época sugestiva, fim do ano, o público foco dele dificilmente vai falar mal. Muitos podem dizem que é hilário ou passarem dias comentando. Mas no final das contas, a verdade é que Doze é Demais 2 é completamente dispensável. Não gaste o seu dinheiro dando bilheteria ao filme, se não você estará contribuindo para que mais seqüências cheguem. Se vier Doze é Demais 3, como sugere o final do segundo, podem explodir Hollywood.

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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