Com quase todos os mesmo ingredientes, "A Era do Gelo 2" volta a agradar a crianças, com suas brincadeiras e palhaçadas nas piadas que em parte, já acostumamos a ver no saudoso programa dos anos 80/90 dos Trapalhões, com Dédé, Didi, Mussum e Zacarias.
É realmente uma pena não haver cópias legendadas de “A Era do Gelo 2”, mas enfim, isso não se torna nenhum problema quando o filme realmente é voltado para o público infantil.
Depois de entregarem o bebê humano para sua família, saga que se passou no primeiro filme, a seqüência de “A Era do Gelo” começa com a nossa trupe de amigos, Sid, Diego e Manny (um dos poucos nomes não transformados para nossa língua) ainda convivendo juntos. Agora Sid possui um acampamento de férias à beira de uma geleira, que logo nossos amigos descobrem ter se tornado uma represa natural para as geleiras que estão derretendo. Com a previsão de que o fim do mundo está próximo (lembrando aqueles filmes dos anos 80, onde sempre tem um mendigo, sujo e barbudo anunciando isso nas ruas de Nova York), todos os animais que vivem por ali terão que se mudar para o outro lado da geleira, onde um grande “barco” poderá ser a salvação de todos. A partir daí começa a jornada dos nossos amigos, com mais três companhias novas que surgem logo no início da viagem, e que serão a graça do filme.
Infelizmente o começo do filme se perde um pouco por não saber como dar início a sua história, e mesmo após o começo da jornada, o filme não parece ser nada mais do que um festival de esquetes, sem um rumo certo, onde geralmente situações cômicas são acrescidas para tornar o filme mais interessante (ou às vezes, mais longo, o que não é exatamente o caso desse). Mas isso não é nenhum problema para a criançada, que irá se divertir com a voz engraçada de Tadeu Melo (na dublagem! E que talvez sejam um dos pontos fortes da animação no Brasil), e com a sucessão de pancadas na cabeça que seu personagem leva, tudo bem característico. Outro ponto que a produção escorrega é nas piadas um pouco mais inteligentes. Apesar de estarem presentes, piadas sutis que só mesmo adolescentes de 15 anos para cima riem (como a cena em que um dos gambás levanta e começa a fazer um depoimento ao som de música gospel como se fossem aqueles shows evangélicos americanos de cura do espírito), elas são raras, mas pelo menos estão presente, mostrando que tanto o roteirista como Carlos Saldanha, o nosso brasileiro que comanda a direção do filme, não esqueceram dos jovens ou dos pais que vão estar acompanhando seus filhos.
Um dos pontos fortes da animação é o pequeno Scrat, o esquilinho pré-histórico que apareceu como “gato pingado” no primeiro filme, dessa vez sua aparição aumentou, e quem sabe ainda não veremos um longa ou uma série de desenhos com o nosso pequeno amigo à caça das suas nozes. Foi uma pena que duas das seqüências que estão no filme com o Scrat, já foram exibidas à exaustão como trailer da animação, o que, para quem já estava saturado de ver em quase todos os filmes o trailer, se tornava um pouco monótono. Mas as pequenas aventuras divertem, às vezes muito mais do que o próprio desenho em si, roubando a cena e em determinado ponto lembrando os antigos desenhos animados do Coiote e o papa-léguas, onde Scrat seria o primeiro citado e a coitada noz, o segundo.
A trilha está excelente, quase como um personagem secundário e também muito divertida, embora haja uma canção desnecessária, mesmo que a cena brinque com os grandes filmes musicais ou até mesmo musicais da Disney, como “A Bela e a Fera”.
E um aviso: mesmo depois que o filme terminar fique durante os créditos. A música que passa enquanto os nomes da equipe técnica sobem, pode acabar se tornando o próximo hit das boates nas noites (ela é contagiante!)
Em suma, é um desenho animado que vale a pena conferir, para dar umas boas risadas, que com certezas se não for do filme, será das risadas altas e gostosas que as crianças dão (isso se tiver criança na sala).