Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Gol!

“Gol!”, apesar da pouca divulgação e de não ter chegado em alguns estados, é um excelente filme, sobretudo para os amantes do futebol que sabem muito das histórias de vida dos jogadores que praticam esse almejado esporte.

Além das quatro linhas, muito se passa na vida de cada uma pessoa que está encabeçando o espetáculo chamado futebol. Problemas familiares, recordações de uma vida sofrida para estar naquele lugar, pobreza, fama subindo à cabeça ou desgraça fazendo entrar pelo cano; são exemplos do que pode acontecer com os boleiros. Muito mais do que aturar o técnico falando ao seu ouvido, seus dirigentes e agentes dando palpites, é preciso se reportar a uma vida coerente e reservada. Privando-se de muitas coisas divertidas, para dessa forma manter uma boa aparência perante a imprensa. Infelizmente, toda essa pressão recai sob ombros muitas vezes despreparados, acarretando ao jogador receber más companhias e não saber se dar com a fama, o que poderá vir a arruinar a carreira de craques.

Com certeza, a maioria dos jogadores tem histórias de vida para contar que caberia para cada um, muito, mas muito mais do que um documentário de duas horas. A maioria para chegar a ganhar euros e mais euros, passou por coisas não imagináveis na cabeça de alguém de classe média ou rica. Alguns, que poderiam vir a ser astro de algum esporte, acabam não contando com a sorte e se perdem nesse submundo originado pela pobreza. Mas para Santiago Munez (Kuno Becker), a conversa foi diferente.

Apesar de uma infância sofrida, o abandono da mãe e submissão a muitas horas de trabalho braçal, Santiago teve suas chances, contou com a sorte e soube aproveitar a dupla bem como manda o script. O jovem rapaz, além dos afazeres com o pai, sempre arrumava tempo para jogar futebol e se destacava nas equipes locais da cidade de Barrios, a leste de Los Angeles. Um dia em que treinava, recebeu os olhos, por acaso, de um observador de jogadores – o famoso olheiro – que estava afastado dessa profissão. Glen Foy (Stephen Dillane), ex-jogador profissional, ex-olheiro de futebol e atual dono de oficina, é o nome do senhor que deu uma chance para o mexicano pobre de fazer testes para o Newcastle, tradicional time inglês. Mas, se você pensa que foi fácil chegar lá e ter olhos atentos nas suas jogadas, engana-se. Só assistindo para saber!

Pela sinopse comentada e até mesmo por outros filmes do mesmo estilo, tudo gera a crer previsibilidade. De certo modo, foi. Porém, foi um dos melhores previsíveis que já pude ver nesse tipo de filme, lembrando bem “Rocky, O Lutador”. É daquela coisa de vibrar pelo protagonista. Agora, se você não gosta do jogo e não se atrai nenhum pouco pelos filmes esportistas, não pense em assistir, pois ele não tem nada de novo a te mostrar.

Um roteiro bom e bem trabalhado, coage com medianas e boas atuações. No papel principal, e se perdendo em diálogos bestas, está Kuno Becker na pele de Santiago, o jovem jogador. Para ser o primeiro grande trabalho do rapaz, ele não chega a desagradar. Se bem que que ele poderá ser melhor na seqüência do filme, que já está sendo gravada. Talvez mais acomodado ao papel, ele se mostre melhor. Ao seu lado no ataque do Newcastle e no elenco, outro ator que interpreta um jogador fictício, no caso Alessandro Nivola, que fez alguns papéis em “A Outra Face” e “Refém de Uma Vida”. Ele não surpreende, mas não estraga nada.

Ainda nas análises do elenco, quem chega a fazer um bom trabalho é Stephen Dillane (de “Rei Arthur”), apesar de estar por pouco tempo em destaque. Para completar o gênero das atuações medianas, vemos ao mesmo patamar dos outros Erik Dornhelm, interpretado pelo ator Marcel Iures (“Nem Tudo É o que Parece”), o técnico do time.

Como dito, o filme não tem nada de surpreendente. Entretanto, ele conta uma estória bem vinda, servindo como uma ótima escolha para os que gostam do futebol ou se emocionam com pouca coisa. Não tem nada de brilhante e muito menos uma parte técnica estupenda, mas, em palavras diretas, eu o achei muito bom para o gênero. Espero a sua continuação, pois pelo que tudo indica, será uma trilogia.

O maior momento do futebol, é o gol. Entretanto, em “Gol!” o melhor momento é seu bom roteiro e a lição deixada para muitos do meio futebolístico. Seja ele técnico, jogador ou os chatos cartolas. Mas para a torcida o melhor momento ainda continua sendo o gol, o que se passa por trás do jogo não importa, contanto que o clímax maior interaja com ótimos resultados do seu time do coração.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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