Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 28 de março de 2005

Mulher-Gato

Apesar da personagem de sucesso, Mulher-Gato não agrada. Falta de atenção aos detalhes e algumas negligências levaram o filme a ser um dos piores de 2004, até agora.

O filme não surpreendeu como todos queriam. Desde o começo das filmagens e as primeiras imagens lançadas na Internet, mostraram um filme com pouca seriedade, sem imaginação e falta de atenção a detalhes importantes. Antes de tudo, fazer um filme sobre uma vilã do Batman, mas que na verdade se torna uma heroína chega a ser um pouco arriscado, além de incluir passagens históricas e bruxas na história.

Patience Philips é uma artista gráfica que descobre um terrível segredo da indústria de cosméticos onde trabalha e é assassinada. Após um estranho fenômeno, ela é ressuscitada por um Deus-Gato chamado Meia-Noite, que a torna uma heroína super poderosa, dotada dos sentidos aguçados dos felinos. Assim, ela assume a identidade secreta da Mulher-Gato para combater os malignos planos de seus antigos empregadores, Laurel e Georges.

Halle Berry não está bem no papel da confusa Patience Philips, uma personagem que só atrizes como Sandra Bullock e Katie Hudson sabem interpretar. Como Halle, outras também se aventuraram nesse estilo, como Jennifer Garner em “De Repente 30”, mas sem sucesso. Halle atua melhor em papéis que exigem um pouco do seu teor sensual, como a personagem Jinx de “Um Novo dia Para Morrer”. Graças ao incrível Bob Kane (criador de Batman e da própria Mulher-Gato), a personagem sofre uma tremenda transformação, passando da tímida Patience para a desinibida e selvagem Mulher-Gato. Podemos então conferir o belíssimo corpo de Halle em um uniforme bastante decotado, além de sua sensualidade já mencionada.

Definitivamente esse filme não teve boas atuações. Talvez por uma má escolha do elenco ou por não terem se adaptado às personagens. Sharon Stone como vilã do filme se saiu muito mal, até mesmo no papel de lésbica em “Desejo Proibido” ela se saiu melhor. Sua má participação passaria ainda mais percebida se não fosse por Lambert Wilson, o qual faz o papel de Georges, marido de Laurel Hedare (Sharon Stone). Lambert talvez tenha sido o único que tenha conseguido se adaptar ao jeito arrogante de sua personagem, assim como o fez em “Matrix Reloaded” e “Matrix Revolutions”. Nem mesmo Benjamim Bratt se deu bem na pele do policial Tom Lone, apesar de já ter representado um papel parecido em “Miss Simpatia”, um tira durão que tenta passar por homem romântico e encantador.

A direção de Pitof deixa muito a desejar, pois apela bastante para os efeitos de câmera, que por sinal são ultrapassados e exageradamente chatos. As tomadas da cidade foram feitas em animação, tornando o filme ainda menos sério. Esse artifício foi bastante utilizado, mostrando mais uma vez a falta de um olhar clínico sobre esse problema.

O roteiro escrito em conjunto por John Rogers, Michael Ferris, John D. Brancato e Ed Solomon, que originalmente deveria ser baseado na obra de Kane, mais parece roteiro de filme infantil. A história do cotidiano de Patience a leva a um conjunto de desastres onde finalmente, em uma cena que deveria ter sido levada mais a sério, ocorre a transformação.

A história envolve lendas e bruxarias, longe de se parecer com as histórias das Hqs. No filme a Mulher-Gato se vê na luta contra uma empresa que pretende monopolizar o mercado da beleza feminina com um produto que torna a pele em puro mármore. Engraçada história não é? Parece mais história de pescador. Enfim, todos os pontos fracos foram mostrados. O ponto alto são as cenas de luta e a movimentação da felina. Apesar dos efeitos de câmera não terem sido bem sucedidos, as lutas mostram o gingado da capoeira, coreografadas pelo brasileiro Beto Simas, onde foi inteligentemente incrementado, devido à leveza que a heroína possui.

Bruno Sales
@rmontanare

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