Esse foi o filme de Natal com um humor bizarro mais interessante o qual já assisti. Recomendo, pois independente de tudo, você também vai gostar (ou pelo menos se divertir) ao ver um Papai Noel politicamente incorreto bastante carismático na telona. Vale a pena!
Odeio atrasos, seja na vida pessoal ou na vida profissional. “Papai Noel às Avessas” chegou aos cinemas brasileiros um ano após o seu lançamento nos EUA. Eu entendo a dificuldade que as distribuidoras têm para lançar um filme numa época de Natal, quando se tem prioridades, que são as obras de arte da Xuxa e do Didi. Elas dão mais público, mais dinheiro (sendo mais preciso) e é isso o que importa para elas. Não querem saber de qualidade, ou se o filme teve boas críticas, e sim, se vai dar público.
Não quero ser duro, afinal, todos querem garantir seu dinheirinho todos os meses. Mas atrasar por UM ANO, um ótimo filme desses, é sacanagem. Talvez não tivesse espaço na grade, sei lá, não quero inventar desculpas pela distribuidora. No final das contas, os prejudicados somos nós, um público sedento por películas de qualidade. Não vou nem comentar o título que deram para ele aqui no Brasil – o original é “Bad Santa” – para não baixar o nível desta crítica (se é que há, rs). Acho que os responsáveis pelas “traduções” ou interpretações dos nomes dos filmes fazem isso alcoolizados ou dopados. Vou deixar para comentar e/ou cutucar as distribuidoras em outra oportunidade. Bem, o excelente filme “Papai Noel às Avessas” conta a história de …
… Willie Stokes (interpretado magistralmente por Billy Bob Thornton), um ladrão alcoólatra e mulherengo que, ao lado do parceiro Marcus (o famoso anão Tony Cox), se especializou em um golpe atípico: todo ano, eles se empregam em uma grande loja de departamentos como Papai Noel e seu assistente elfo (Marcus é anão) e aproveitam o acesso ao estabelecimento para roubá-lo na véspera do Natal. O problema é que Willie está se tornando cada vez mais instável (para desespero de seu comparsa), criando uma série de confusões que levam o gerente da loja (vivido por John Ritter, em seu último papel no cinema) a prestar atenção redobrada em suas ações. As confusões, no caso, dizem respeito à insistência de Willie em transar com clientes nos provadores localizados no setor de roupas para mulheres obesas e, é claro, ao seu hábito de trabalhar bêbado.
Surge um obstáculo. Desta vez a dupla tem seu assalto anual ameaçado por um gerente de loja desagradável (John Ritter); um experiente detetive do shopping (Bernie Mac); uma sexy fã de Papai Noel (Lauren Graham) e um garoto de oito anos, inocente e desajustado (Brett Kelly), que decide acreditar que Willie – tão embriagado, sarcástico e criminoso quanto aparenta ser – é o verdadeiro Papai Noel que ele tanto procura.
Hilário! Essa é a palavra que pode definir e resumir o que significa esse filme. Estamos na época em que a hipocrisia e o sentimentalismo material predomina nas mentes das pessoas. Esse filme chega no momento certo. Ele destrói realmente toda aquela tradição natalina. Isso ocorre com um humor negro pesado, mas que não ofende a ninguém. Muito pelo contrário, você racha o bico de rir. O diretor Terry Zwigoff transformou aquela velha idéia de filme de Natal numa comédia bizarra, em todos os personagens representam um conglomerado de pensamentos e ironias.
O que falar do tal Papai Noel beberrão? Billy Bob Thornton mata a pau e faz deste, o seu melhor papel em um filme. O cara caiu como uma luva e adquiriu características dos alcoólatras (olhos fundos, compulsão) e pitadas de sexo-maníaco (olhares de tarado). É um verdadeiro pegador (eu queria dizer outra palavra, mas para não baixar o nível – de novo? – preferi usar esse termo). Ele consegue transformar a cena na qual ele ensina uma garota a jogar pinball numa “quase prática” de sexo (rs). Acho que essa parte sexo-maníaco por Billy Bob foi bem interpretada porque, afinal, ele era macho de Angelina Jolie (que transpira sexo). O engraçado mesmo é vê-lo vestido de Papai Noel e quando chega um menino e senta no seu colo dizendo: “Eu quero um carro à fricção”. Ele responde: “Mas que porra é essa?”. Engraçado demais! Você vai soluçar de tanto rir.
O anão Tony Cox não sai por baixo. Ele conseguiu ser o alicerce da produção ao lado de Billy Bob. Suas piadas e tiradas rápidas são ótimas. Ele tem o costume, no filme, de destruir toda a moral (moral?) do personagem de Billy Bob de um jeito tão característico que é complicado até expressar em linhas. E o que falar do gordinho Brett Kelly? O moleque nasceu para o papel de menino mongol. Tenho pena da zoação que ele deve ter sofrido na escola (rs). John Ritter faz o gerente bobão do shopping, Bernie Mac faz o chefe da segurança “quase gay” e Lauren Graham faz a namoradinha de Willie (ela é tarada pelo personagem Papai Noel).
Este filme tem a boca suja! Você vai ficar chocado com a quantidade de palavrões que, infelizmente, são amenizados nas legendas para palavras, como “filho da mãe”, “poxa”, “canalha”. Para quem sabe um pouquinho de inglês, não vai ser difícil compreender o que os personagens realmente disseram (não vai ser difícil mesmo). Algo que vale ressaltar é quando o tal Papai Noel xinga mil vezes o garoto gordo, ele fica inabalável. Você vai rachar o bico! Esse é aquele filme no qual acontecem várias situações engraçadas que quando você for contar para algum amigo, a dificuldade em falar vai ser tão grande, que vai acabar rolando no chão de tanto rir.