Franquia chega ao formato de animação para ampliar seus horizontes, mas acaba virando uma peça repetida do acervo com um roteiro confuso.
A franquia “Uma Noite no Museu” surgiu em 2007 nos cinemas e conquistou o público, com mais de US$ 500 milhões arrecadados mundialmente. A aventura familiar protagonizada por Ben Stiller acabou ganhando duas continuações, uma em 2009 e outra em 2014, porém ambas com menor repercussão. A história ficou adormecida durante alguns anos até ser retomada agora em um novo formato: uma animação direto para o Disney Plus chamada “Uma Noite no Museu – O Retorno de Kahmunrah”.
A nova história, dirigida por Matt Danner (da série “Muppets Babies“) e com roteiro de Ray Delaurentis e Will Schifrin (ambos de “A Era do Gelo: As Aventuras de Buck Wild”), não requer que os três primeiros filmes sejam assistidos, mas é preciso entender a base da trama: uma antiga placa faz com que as exposições do museu ganhem vida durante a noite.
Com um estilo de animação relativamente simples considerando o ano da produção, a obra apresenta novamente os principais personagens como Teddy Roosevelt, Rex, Sacajawea e a dupla Octavius e Jedediah. Durante o verão, Larry Daley, até então o protagonista da franquia, vai se ausentar da função de guarda noturno do Museu de História Natural de Nova York, por isso é preciso encontrar um substituto para o cargo que acabe não se assustando com as figuras históricas.
A principal sugestão vira Nick Daley, o filho de Larry que cresceu no museu. No primeiro dia no cargo, o jovem é surpreendido com uma repentina vingança maligna de Kahmunrah, que quer acordar o seu exército do submundo. A obra conta ainda com novos personagens como Joana D’Arc e Seth, o Deus do Caos.
O tipo de humor é mais voltado para as crianças, com piadas no estilo mais pastelão e humor físico. O roteiro de Schifrin e Delaurentis aproveita o formato animado para aprofundar ainda mais o conceito. Contudo, tudo vira uma baita confusão depois do segundo ato, com direito até a viagem no espaço/tempo. Outra questão é que a trama usa muito da base utilizada no roteiro de 2007, o que acaba tornando-a uma história repetida em outra geração.
Por outro lado, um ponto vital para a qualidade da obra é a manutenção dos principais dubladores da franquia original, o que acaba trazendo uma atmosfera de “volta para casa” para os fãs. Guilherme Briggs, Alexandre Moreno e Sylvia Salustti, para citar alguns, retornam com a mesma qualidade impecável de sempre, agora com a inclusão do excelente Charles Emmanuel dublando o protagonista.
O nível de exigência tem que ser diferente da obra original, é claro. É muito bom rever esses personagens, mas é uma trama desnecessária. Não é ruim ter uma mudança de público-alvo, com o material feito exclusivamente para entreter as crianças, e é refrescante para a franquia conhecer novos formatos, porém não precisa ligar o modo automático só porque a base já está estabelecida. Fica a expectativa para que os personagens tenham o cuidado que merecem e a torcida para que a franquia não vire apenas mais uma peça de museu nos arquivos da Disney Plus.