Segundo longa do porco-espinho azul continua com a boa proposta leve e aventuresca do primeiro, com ainda mais referências aos games que agradarão qualquer fã de longa data
Adaptações cinematográficas de jogos de videogame não têm um histórico reluzente. Do terrível “Super Mario Bros” à cinessérie “Resident Evil”, a preocupação dos estúdios não parecia estar na qualidade do material. Com “Pokémon: Detetive Pikachu” e “Sonic: O Filme”, as coisas parecem lentamente estar mudando, com o último ganhando esta boa sequência chamada “Sonic 2: O Filme”.
O primeiro longa do veloz porco-espinho azulado teve méritos em entender sua proposta leve e infantil, nunca se levando a sério ou tentando se passar por uma obra com profundidade. Driblando até o medonho design original de seu protagonista, o filme agradou fãs ao redor do globo. A sequência entende tudo isso e abraça de vez a ingenuidade de uma aventura simples, divertida e despretensiosa.
Como quase toda sequência, ela pega tudo do primeiro e aumenta. O lore do personagem é expandido com uma diversidade de easter eggs dos jogos e, obviamente, a adição de Knuckles (Idris Elba, que encaixou como uma luva no papel). O rival vermelho é sisudo e se porta como um grande guerreiro honrado, o que Elba consegue transformar em humor com facilidade. A raposa Tails (Colleen O’Shaughnessey), que havia dado as caras na cena pós-créditos do primeiro filme, tem função fundamental na história, e sua amizade com Sonic acontece tão naturalmente que logo fica fácil acreditar na intimidade do time.
Claro que a exploração do universo de Sonic não poderia ficar apenas nesses personagens, e o impagável Dr. Robotnik de Jim Carrey volta para caçar o herói. O ator está solto com seus trejeitos e loucuras que engraxam os mecanismos malucos da mente do vilão, que manipula Knuckles para uma parceria inusitada. A todo momento em que o roteiro lida com personagens da SEGA, o filme brilha. Explorando a inocência de seu protagonista como uma criança, a trama lida com a maturidade que ele ainda precisa atingir um dia, mas também celebra seu lado infantil, ilustrando uma positividade adoravelmente piegas.
Entretanto, na tentativa de aumentar tudo do primeiro filme, o roteiro perde força quando tem que lidar com o núcleo humano. Tirando Robotnik (facilmente o melhor em tela), nenhum dos personagens têm força o bastante para segurar a atenção do espectador, que se pega torcendo para que o trio azul-laranja-vermelho reapareça. Tom (James Marsden) e Maddie (Tika Sumpter) são rapidamente despachados para o Havaí para um casamento, e toda essa subtrama parece uma comédia de segunda categoria. Há entretenimento aqui, é verdade, mas o trunfo do filme está, de fato, em seu protagonista.
Com um terceiro longa já confirmado, Sonic e cia. empolgam o bastante para deixar qualquer fã ansioso por mais. A grande adaptação de jogos ainda não aconteceu, mas é com obras como “Sonic 2: O Filme” que Hollywood vai dando pequenos passos certeiros para que, um dia, ela possa existir.