Obra protagonizada por Leighton Meester é um bom suspense que passa por muitos pontos previsíveis.
Depois de uma noite de bebedeira, o protagonista acorda para entender o caos que aconteceu na noite anterior. Parece com “Se Beber, Não Case!”, mas trata-se de “Naquele Fim de Semana”, novo suspense da Netflix. A obra se passa na Croácia, local em que duas melhores amigas, Beth (Leighton Meester) e Kate (Christina Wolfe), decidem se reunir para passar uns dias de diversão. Ambas se encontram em momentos diferentes do relacionamento: enquanto a primeira acaba de ter um filho com Rob (Luke Norris), a segunda está passando por um complicado divórcio. Em um certo momento em uma balada, Kate incentiva Beth a trair o marido. Depois de uns flertes, ela acaba bebendo demais e acorda na cama do hotel. Quando sai do quarto em busca da amiga, ela se depara apenas com roupas espalhadas pela casa e um copo de vidro quebrado com sangue perto.
Sem lembrar de nada, Beth procura a polícia para denunciar o sumiço da amiga, mas é vítima de piadas e desdém do policial, que acredita que Kate apenas fugiu para se divertir sozinha. Sem ajuda das autoridades, ela conta apenas com o auxílio do taxista Zain (Ziad Bakri), que conheceu a jovem no caminho do aeroporto e vira uma referência extremamente útil para a investigação. A proposta se baseia, portanto, na busca da protagonista pela amiga desaparecida em meio a um jogo de mentiras que envolve o seu casamento e até mesmo os próprios investigadores.
O filme é baseado em um livro homônimo escrito por Sarah Alderson, que também assina o roteiro. Isso facilita no processo de adaptação, fazendo com que ela saiba os momentos exatos para encaixar novas pistas, que acabam deixando a protagonista cada vez mais em dúvida sobre as pessoas que a rodeiam. Por outro lado, Alderson em nenhum momento tenta sair completamente da casinha, ou seja, o padrão do mistério se apresenta: um thriller em que são reveladas dicas e reviravoltas para a protagonista tentar resolver o problema.
A direção de Kim Farrant (“Terra Estranha”) faz bom uso de flashbacks, sem entregar as respostas de mão beijada para o espectador. O ritmo empolga, mesmo com pouco mais de 1h30 e sem grandes cenas de ação, afinal, o que dá andamento à história são as lembranças de Beth misturadas com a investigação policial. Leighton Meester dá conta do recado como a protagonista que sofre o filme inteiro, e a atriz lida bem com as cenas emotivas, focando bastante em seu rosto.
Mesmo claramente não sendo a culpada, Beth acaba virando suspeita, o que cria um paralelo com a realidade, em que as mulheres vítimas de assédio sexual muitas vezes acabam mais julgadas do que o próprio criminoso. A cena em que a jovem denuncia o desaparecimento da amiga é um bom exemplo, destacando o olhar de julgamento vindo do homem que representa as autoridades. Quem mais deveria estar do lado dela é quem a condena em primeira instância.
“Naquele Fim de Semana” acaba se tornando uma interessante obra de mistério e joga uma luz importante em relação ao feminicídio. Entretanto, por passar em lugares óbvios e, por muitas vezes, previsíveis, acaba entregando “apenas” um bom filme.