Nascida a partir do filme homônimo de 2014, “O Que Fazemos nas Sombras” vem com novos elenco e histórias, porém mantendo a genialidade do roteiro de Jemaine Clement e Taika Waititi, agora em formato seriado. Assim como “The Office”, o gênero mocumentário aliado ao humor de constrangimento ajudam a desenvolver apego pelos personagens enquanto acompanhamos suas rotinas. É uma receita perfeita para que a série continue se desenvolvendo para além das três temporadas já existentes.

No enredo, conhecemos Nandor (Kayvan Novak), Nadja (Natasia Demetriou) e Laszlo (Matt Berry), vampiros que dividem uma casa em Staten Island. Dentre os moradores dessa casa, também estão Guillermo (Harvey Guillén), o lacaio de Nandor, e Colin Robinson (Mark Proksch), um vampiro de energia. A trama se desenvolve a partir da chegada de Baron Afanas (Doug Jones), um vampiro muito antigo e poderoso, de aparência monstruosa e planos ambiciosos de dominação.

A trama começa despretensiosa, pautando o humor no contraste do cotidiano dos vampiros seculares que lidam com um mundo moderno, do qual são completamente alienados. Guillermo é um pilar que equilibra o nonsense com realismo até certo ponto, quando desenvolve sua própria narrativa que vai amarrar toda a série por trás das situações-tema de cada episódio.

Outro personagem que se destaca, inicialmente não pelo desenvolvimento de seu arco narrativo — que só terá alguma significância na terceira e, possivelmente, quarta temporadas — mas pelo brilhantismo de sua construção, é Colin Robinson. Diferente dos demais vampiros os quais o humor está nas referências que homenageiam diversas representações desse ser mitológico, sua proposta é pautada na ilustração de uma figura real. Pelo conceito de vampiros de energia ser algo que a maioria das pessoas conseguem se relacionar por reconhecê-lo em colegas de trabalho, familiares ou vizinhos, a comédia passa a criar um laço com o espectador. E essa diferença de estilos de humor se equilibram em tela, indo do mais absurdo e constrangedor ao corriqueiro, dando espaço para muita bobeira — no melhor dos sentidos — sempre com timing e atuações impecáveis.

Além do elenco fixo, a série também traz fantásticas participações especiais, dentre elas os atores Haley Joel Osment e Mark Hamill; Tilda Swinton interpretando uma versão vampírica de si mesma; Wesley Snipes relembrando seu icônico “Blade”; e Taika Waititi reprisando Viago, do filme original.

Com episódios curtos e dinâmicos, “O Que Fazemos nas Sombras” se torna maratonável e fácil de consumir com rapidez. Com isso aliado ao carisma do elenco e um texto rico de piadas, das mais bobas às inteligentes — tão bom quanto o do filme de 2014 —, sobra ao final aquela saudade dos personagens queridos que, nessa altura, já se tornaram nossos companheiros. E isso é um sinal que a dupla Clement e Waititi fizeram um bom trabalho.