Repetindo uma fórmula antiga, diretor Patrick Brice entrega um terror protocolar que não empolga, não assusta e não inova.
É complicado criar para o slasher, um subgênero do terror, depois que as franquias “Pânico”, “Sexta-feira 13” e “Halloween” já se aproveitaram das melhores ideias. Com a proposta de um assassino em série misterioso que acumula vítimas, os diretores precisam redobrar a criatividade para o momento das execuções. Tentando emular os melhores momentos do clássico terror adolescente, a Netflix lança “Tem Alguém na sua Casa”, baseado na história do livro homônimo de Stephanie Perkins.
A obra, dirigida por Patrick Brice (“Virando a Noite”), conta a história de Makani Young (Sydney Park), uma jovem que acaba de mudar do Havaí para uma pequena cidade do Nebraska para morar com a sua avó e terminar o Ensino Médio. Tudo vira de cabeça para baixo quando os alunos começam a ter expostos os seus segredos mais obscuros. Com suas intimidades reveladas, os estudantes passam a ser perseguidos e mortos por um misterioso assassino em série que utiliza uma máscara com o rosto das vítimas para manter oculta a sua identidade. Para tentar descobrir quem é o culpado, Makani e seu grupo de amigos formado por Rodrigo (Burkely Duffield), Darby (Jesse LaTourette), Zach (Dale Whibley) e Alex (Asjha Cooper) se reúnem para investigar.
O que esperar de um filme chamado “Tem Alguém na sua Casa”? A opção mais óbvia é um assassino escondido em uma residência enquanto o protagonista foge, certo? Bom, não neste caso. Apenas a cena inicial se aproveita dessa proposta, sendo que a maior parte do filme se passa no colégio. As mortes são bem violentas, entretanto, não são acompanhadas pelo suspense – as famosas perseguições antes dos crimes são curtas e pouco criativas. É certo que o espectador precisa ver um filme desses com a mente aberta, mas é difícil acreditar que uma pessoa pode entrar caminhando com um roupão preto e uma espada em um festival e nenhuma das centenas de pessoas percebe.
O roteiro, escrito por Henry Gayden (“Shazam!”), cumpre o protocolo. Piadas salpicadas em alguns diálogos, cenas de festas e sexo, todos os clichês estão aqui, até aquele personagem padrão, que é o pai de um aluno, dono de uma empresa maldosa. Aqui, é um homem que tem uma coleção de artefatos nazistas que compra o terreno das famílias da cidade por pechincha. Até existe uma novidade, a questão do vilão utilizar uma impressora 3D para fazer as máscaras, mas nem isso é bem explorado, pois elas não têm tanta semelhança assim com as vítimas e nem são assustadoras.
Fora isso, personagens com pouco ou nenhum contexto dentro da história e arcos que são abertos e simplesmente abandonados. Um exemplo é o brutal trote dos jogadores de futebol americano contra o estudante Caleb (Burkely Duffield), que parecia iniciar um tema sobre bullying e homofobia, mas ficou no ar em troca de algumas piadas ruins.
“Tem Alguém na sua Casa” é um filme que consegue a proeza de ser inédito e mesmo assim dar a impressão que já foi visto diversas vezes. Até a identidade do assassino é previsível se parar um pouquinho para pensar. Com tantas ideias inovadoras esperando para receber uma oportunidade, é triste ver que a Netflix continua incluindo projetos bem mais ou menos em seu vasto orçamento.