Mais um produto do sub(gênero) de filmes de super-heróis, filme tem uma premissa interessante, porém muito mal executada e aquém do seu potencial.
Considerados gênero por alguns, subgênero por outros, e até apenas parques de diversão por mais uns terceiros, as histórias de super-heróis estão cada vez mais tomando conta dos catálogos dos streamings – um reflexo do que também acontecia nas salas de cinema, movimento infelizmente interrompido pela pandemia. Assim, temos mais e mais filmes de super-heróis, passeando pela comédia, drama, ação, aventura, suspense e tudo mais que a sétima arte já produziu. “Esquadrão Trovão” é mais um exemplar desta gigante safra de produções, que aposta em ser um destaque no território da comédia, mas acaba sobrando como um produto difícil de engolir.
Há mérito na premissa: duas atrizes ilustres de Hollywood (Melissa McCarthy e Octavia Spencer), no auge dos seus 50 anos cada, tendo a oportunidade de protagonizar um filme de super-heroínas. E o primeiro ato até funciona, partindo da infância/adolescência das duas, mostrando como se tornaram amigas, as motivações para desenvolverem poderes e o posterior afastamento. Este momento inicial inclui ainda a reaproximação das duas – já como as atrizes principais -, além do processo de ganhar os poderes de cada uma e o treinamento para aperfeiçoá-los. Emily (Spencer) ganha invisibilidade, propícia a alguém que sofria bullying por ser muito inteligente e só queria sumir para se livrar dos problemas, enquanto Lydia (McCarthy) recebe super força, representando a força que sempre demonstrou ao defender a amiga dos bullies.
Mas não vamos nos aprofundar nestes pormenores, até porque o próprio filme faz questão de não fazê-lo. De fato, quando a ação começa – especialmente quando os supervilões são apresentados -, a obra mergulha de cabeça no lago da superficialidade e parece se divertir ali. Motivações dos malvados? Nenhuma, além de desejo de poder (o cargo de prefeito foi deveras supervalorizado) e prazer em matar. Desenvolver as relações entre Emily e sua filha? Para que, se podemos só passar por cima de tudo isso e inserir ação, efeitos visuais e piadas e mais piadas? Aparentemente, o diretor Ben Falcone (“A Chefa”) entendeu que uma comédia de super-heróis deve ser formada unicamente por poderes e piadas. É óbvio que estes são os elementos principais, mas soa como colocar feijão e água na panela de pressão e esperar um prato delicioso depois de algumas horas. Falta refino no que está lá, e falta substância para completar os vazios existentes.
A verdade é que “Esquadrão Trovão”, assim como qualquer lançamento maior da Netflix, vai encontrar seu público, fruto do talento da plataforma em compreender seu algoritmo como ninguém. Mas personagens tão unidimensionais quanto os vilões de Bobby Cannavale, Pom Klementieff e Jason Bateman, além de muitas decisões previsíveis e piadas de gosto bastante duvidoso envolvendo frango cru, jogam o filme contra a maré da qualidade. Uma pena para uma produção que tinha potencial de surpreender, ou ao menos divertir bem mais, em um (sub)gênero já tão cheio de opções.