Utópico e artificial, mas justamente por isso talvez seja o que muita gente esteja precisando para acalentar a alma.
Sempre que chega a época de novembro e dezembro, inúmeros filmes com temática natalina aparecem nos canais de streaming. A grande quantidade se deve ao fato de que obras de baixo valor de produção, que antes desse tipo de serviço seriam destinadas à TV, encontram uma distribuição simples e que alcança o mundo inteiro. Este é o caso de “A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura” da Netflix.
O longa é uma sequência de “A Princesa e a Plebeia”, no qual Vanessa Hudgens interpreta uma confeiteira de Chicago e uma princesa do reino fictício de Montenaro. Impressionadas pela semelhança física, elas acabam trocando de lugar para poderem se aventurar em situações diferentes. A premissa aqui é a mesma, com a adição de uma terceira personagem para Hudgens, prima da princesa, entrar na trama de substituição tripla.
Para quem assistiu ao primeiro filme, é um alívio poder dizer que a sequência o supera. O roteiro é melhor amarrado – o que não era difícil quando se leva em consideração as inúmeras inconsistências do original – e ter os personagens já estabelecidos permite que se entre na trama principal sem enrolação.
Aqui, o casal formado pela princesa e o melhor amigo da confeiteira está separado, e ela quer ajudá-los a se entender. Há também as subtramas da prima que pretende fazer de tudo para conseguir dinheiro e um relacionamento que pode estar em maus lençóis. Todo o elenco original está de volta com exceção da menina Olivia, agora interpretada por Mia Lloyd.
Não é nenhuma surpresa ao constatar que tudo é altamente previsível. O objetivo desse tipo de filme é oferecer conforto, não desafios ou conflitos sérios. Isso obviamente resulta numa obra que não tem nenhum destaque artístico real, mas está longe de ser um problema.
Os belos, atraentes e sempre elegantes atores são emoldurados por cenários idílicos de um reino fictício. Tudo bastante artificial, mas injeta a magia do Natal no espectador querendo ou não. Entretanto, após um difícil ano de 2020, talvez poder se desligar da dura realidade pandêmica e egoísta da sociedade moderna e embarcar numa utopia onde o mal não tem vez seja exatamente o que muita gente precisa. É aí que obras como esta têm seu valor.
Novamente, há um destaque a ser dado para Vanessa Hudgens, que agora precisa transitar entre três personalidades distintas e o faz com uma energia cativante que é acertadamente exagerada e, por vezes, caricata. A atriz é um espelho de todos os envolvidos que entendem a proposta leve do filme e sua função.
Sem conflitos sérios ou qualquer nível de tensão, a produção não é uma obra de destaque da sétima arte. Seus personagens passam por problemas que são facilmente resolvidos, tudo em nome do clima amistoso e alegre proposto, mesmo que artificial. Com uma atriz principal talentosa, falas breguíssimas, trilha sonora grudenta e uma história utópica, “A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura” pode ser o presente de Natal que alivia sua alma.