Série é um presente para os fãs de sua predecessora, ressuscitando o espírito original com altas doses de nostalgia.
“Fuller House” é o tipo de sequência que vai encher os corações de qualquer um que foi fã da série anterior, “Full House”. Mantendo a mesma trama base de um adulto que perdeu um cônjuge e recebe a ajuda de duas pessoas para criar seus filhos pequenos, trazendo (praticamente) todo o elenco de volta, e ressuscitando o tom utópico de uma sitcom familiar em que não há nada que uma conversa sincera não possa resolver, a obra é um festival de nostalgia irresistível e cheio de coração.
A série não esconde que seu objetivo é recriar o clima da anterior, o que é uma faca de dois gumes, pois se não falha em agradar os fãs da original, mas possui uma linguagem com a qual o público atual não está acostumado. As sitcoms com múltiplas câmeras e cenários fixos gravadas em estúdios na presença de uma plateia que reage e gargalha às situações apresentadas eram comuns no século XX, foram perdendo espaço ao longo das décadas e podem não conversar da mesma maneira com as gerações posteriores.
A única personagem que não voltou para esta série foi a irmã mais nova, Michelle. Ashley e Mary-Kate Olsen, que se revezavam na interpretação quando crianças, decidiram não aceitar os convites do estúdio para reprisar seus papéis, focando em suas carreiras de estilistas e porque não atuam há muitos anos. É uma falta sentida, mas compreensível e altamente compensada pelo grande número de atores que fazem aparições, indo desde as protagonistas até coadjuvantes que haviam aparecido em poucos episódios.
O objetivo de reconstruir a atmosfera da série original foi atingido em cheio. Todas as tramas e interações são carregadas de uma inocência tão pura que só uma obra de ficção como esta consegue tornar crível. Claro que isso resulta em roteiros nada complexos, mas que conseguem tratar de temas emocionais com êxito e oferecem um alento na alma que é sempre bem-vindo.
Os atores não são especificamente desafiados, mas verdade seja dita, não foram contratados para tal. A trinca principal composta por Candace Cameron Bure, Jodie Sweetin e Andrea Barber retoma seus personagens ao reviver suas excentricidades e trazer pesos de suas vidas adultas, com acontecimentos tristes e traumáticos que as moldaram em seus processos de amadurecimento. Tudo tratado de maneira muito leve, óbvio.
As aparições esporádicas do trio composto por Dave Coulier, John Stamos e Bob Saget engrandece a nostalgia e agrega valor a momentos de aprendizado que resultam em grande carinho entre os personagens. A volta de Scott Weinger se mescla com as adições de Juan Pablo Di Pace, John Brotherton e Adam Hagenbuch para criar tramas que se concluem num emocionante episódio final que finalmente encerra a saga da família Tanner numa sensação de satisfação enorme para quem acompanhou “Full House” e sofreu com o abrupto cancelamento da mesma.
Com um festival de referências a acontecimentos da série original, um time de atores inspirado e dedicado a ressuscitar tal espírito de singela pureza e até o cuidado de conduzir as filmagens no mesmo estúdio da anterior, “Fuller House” é uma ótima pedida para quem quer reviver dias mais simples e precisa de um carinho na alma.