Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 26 de junho de 2020

Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars (Netflix, 2020): beleza do besteirol

Misturando paródia com comédia romântica, obra protagonizada por Will Ferrell e Rachel McAdams é divertida e brega ao extremo.

O Eurovision é um fenômeno. Anualmente, o festival de música alcança cerca de 190 milhões de espectadores nos países da Europa e mundo afora. Resumindo, é uma Copa do Mundo em que os competidores vão vencendo etapas até a grande final. Quem melhor do que Will Ferrell para fazer uma paródia sobre o evento? Assim nasceu “Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars”, lançado na Netflix.

A trama começa em Husavik, na Islândia, em 1974. O que começou com uma família reunida assistindo uma apresentação do ABBA na televisão, se tornou uma promessa: quando crescer, Lars (interpretado por Ferrell) será o campeão do Eurovision e ninguém vai rir dele. Anos depois, ele segue na busca para ser o representante da Islândia, que pode finalmente vencer o programa após 60 anos de participações frustradas.

Ele costuma se apresentar com Sigrit (Rachel McAdams) nos bares da cidade. Os dois cresceram juntos, porém não são muito respeitados como aspirantes a músicos. O sonho de Lars é frustrado diariamente por seu pai, Erick (Pierce Brosnan), que admite ter vergonha do objetivo do filho. Além de tentar chegar na final, Lars e Sigrit precisam entender em que ponto está o relacionamento da dupla no lado profissional e amoroso.

O diretor David Dobkin, que frequentemente é responsável pela criação de clipes musicais da banda Maroon 5, já trabalhou com os protagonistas em “Penetras Bons de Bico”. Portanto, ele sabe bem que poucos comediantes no mundo sabem criar uma situação de vergonha alheia como Will Ferrell. O roteiro é feito em conjunto entre o ator e Andrew Steele (“Saturday Night Live”). O texto destaca o exagero no humor, ainda mais relacionando com o Eurovision, um programa que adora umas breguices.

O comediante abusa das piadas rápidas e sabe bem construir um cenário para que esse exagero se torne plausível dentro da sua história, com direito a diversas citações ao folclore islandês e elfos. Um ótimo exemplo vem logo no início do filme com o clipe de Volcano Man, caprichado na vergonha alheia.

As apresentações no festival são as melhores cenas do filme. Apesar de não cantar originalmente na obra, Rachel McAdams se destaca nas performances no palco, sem perder o bom timing de comédia. A atriz dubla as músicas gravadas por Molly Sandén, uma cantora pop sueca. Apesar da paródia, as músicas são realmente muito boas.

Demi Lovato faz uma participação como Katiana, uma cantora que fez a melhor audição de música na história da Islândia. Entretanto, ela tem pouquíssimo tempo de tela, assim como Pierce Brosnan, que poderia ser mais bem aproveitado. Outro destaque positivo vai para Dan Stevens, que interpreta Alexander Lemtov, o representante da Rússia, um sedutor cheio de estereótipos e com uma apresentação impagável no palco.

Com inexplicáveis duas horas de duração, a mistura de comédia romântica com musical é muito mais longa do que precisava, mas não deixa de ser puro entretenimento. É só não levar a sério que a experiência vai ser divertida. Quem conhece o humor característico dos filmes do Will Ferrell não vai se decepcionar.

Fábio Rossini
@FabioRossinii

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