Protagonizada por Felicity Jones e Eddie Redmayne, obra do diretor Tom Harper sabe dosar bem excelentes cenas de ação, contemplação e os traumas que os protagonistas passam em nome das descobertas científicas.
A ciência sempre avançou conforme a tecnologia evolui. Entretanto, a coragem de algumas pessoas em dar um passo a mais em nome do conhecimento geral pode alcançar um progresso jamais visto. Essa é a proposta de “Os Aeronautas”, filme original do Prime Video dirigido por Tom Harper, que com George Steel, responsável pela fotografia, e Mark Eckersley, editor, trabalharam juntos na série “Peaky Blinders”.
Baseado em fatos e inspirado pelo livro “Falling Upwards: How We Took to the Air“, de Richard Holmes, a obra se passa em 1862 em Londres e conta a história de Amelia Wren (Felicity Jones), que se une ao cientista James Glaisher (Eddie Redmayne) para promover avanços no conhecimento sobre o clima e voar mais alto do que qualquer outra pessoa já voou. A dupla de protagonistas, que já trabalhou em conjunto em “A Teoria de Tudo“, mais uma vez tem a forte química como um dos principais pontos positivos do filme.
O roteiro de Jacob Thorne (“Extraordinário”) vai direto ao ponto. Inicia com a decolagem e apresenta as características da balonista, que se apresenta ao público como uma verdadeira artista enquanto James realiza leituras sobre o solo. Thorne precisou realizar adaptações para desenvolver o texto da obra: Amelia nunca existiu fora da ficção; na vida real, Glaisher voou com o cientista Henry Coxwell, que salvou a sua vida na viagem representada na obra; já a personagem principal do filme foi inspirada na balonista Sophie Blanchard, que recebeu o cargo de “Aeronauta dos Festivais Oficiais”, de Napoleão Bonaparte.
Entre a ação da subida do balão, que ocorre no presente, são apresentados rápidos flashbacks para aprofundar a história dos personagens. É por meio dessas cenas que o espectador é apresentado ao passado de Amelia, que se tornou viúva após a morte do seu marido Pierre (Vincent Perez, de “15 Minutos de Guerra”) em uma viagem de balão. Além do recorde, James também tinha noção de que, com as comprovações em pleno ar, seria possível evoluir a previsão do tempo, ajudando a tornar plantios mais produtivos, prever inundações e auxiliar contra a seca.
As melhores cenas de “Os Aeronautas” acontecem no balão. Em uma cesta pequena, os dois precisam conviver e trabalhar em conjunto para superar as adversidades do clima. A câmera perto do rosto dos protagonistas exalta uma situação claustrofóbica, com pouco espaço para se movimentar. Para o filme dar certo, era essencial que os efeitos especiais estivessem impecáveis – de fato, tudo parece crível e esteticamente irrepreensível.
O diretor sabe exatamente os momentos de mostrar a altura como uma paisagem de contemplação e quando precisa apresentá-la como um perigo, propositalmente causando uma sensação de vertigem. Harper utiliza o balão como um tipo de personagem que reage às condições climáticas como chuva, as nuvens, a neve, o vento e o frio.
Os momentos de ação também são muito bem dirigidos e ganham emoção com a excelente a trilha sonora de Steven Price (“Gravidade”) e os efeitos de som. Tudo ajuda a criar uma imersão ainda maior em cada cena. Sabendo o momento certo para crescer a trilha, a experiência de Price no filme espacial ajudou o compositor a trabalhar também com o silêncio como um auxiliar para a contemplação.
Enquanto Redmayne tem uma atuação mais contida, Felicity Jones toma o protagonismo, com uma personagem enérgica e incansável na busca dos seus objetivos. A atriz segura com tranquilidade os momentos de drama e se entrega nas cenas de ação. Já Himesh Patel (“Yesterday”) tem pouco tempo de tela como John Trew, que atua apenas como um observador e conselheiro de James.
“Os Aeronautas” pode ser visto como um passo importante da Amazon dentro do mercado, mostrando que suas obras originais seguem em evolução com o tempo. Que a experiência de James e Amelia inspirem a empresa a seguir buscando as boas histórias e ousando nas criações.