Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 09 de novembro de 2019

Invasão ao Serviço Secreto (2019): ação e escapismo

Terceiro filme da franquia é o mais fraco, mas ainda diverte fãs do gênero que têm a expectativa calibrada.

A franquia iniciada por “Invasão à Casa Branca” e seguida por “Invasão à Londres” chega a seu terceiro capítulo com “Invasão ao Serviço Secreto”. Todos são filmes de ação simples com orçamento relativamente baixo para os padrões deste gênero em Hollywood (este custou 40 milhões de dólares), o que resulta em longas sem muito esmero em suas execuções, mas que costumam valer o dinheiro investido porque sempre rendem algo três a quatro vezes maior que o investimento inicial. É lucro simples e garantido.

Aqui temos a volta de Mike Banning (Gerard Butler), o agente do serviço secreto imbatível e infalível nas suas missões de proteger o presidente dos Estados Unidos – interpretado pelo majestoso Morgan Freeman. A frase resume todos os filmes da franquia, mas este terceiro procura trazer algo mais pessoal para o protagonista, colocando-o como alvo de uma busca nacional dupla, já que tanto o governo quanto os reais vilões da história estão atrás dele. É uma abordagem interessante, que apresenta elementos que poderiam ter sido utilizados para dar uma boa encorpada no personagem. Mas a expectativa para por aí.

Há eventos apresentados aqui que simplesmente são esquecidos pelo roteiro. Logo no início, descobrimos que Banning anda sofrendo com enxaquecas e que sua coluna está com uma lesão que pode se agravar bastante se ele não se cuidar. É algo novo para a franquia, que sempre o tinha como um super-homem invencível. Trazer um obstáculo a mais para ser superado tinha potencial para mostrar a inteligência do personagem em lidar com as situações de maneiras criativas, mas tudo isso se resume a poucas caretas de dor feitas por Butler durante algumas lutas.

Há também um novo personagem, Clay Banning (Nick Nolte), entregue pelo trailer como o pai do protagonista. Outra boa oportunidade para trazer uma dinâmica significativa para Mike, mas acaba se mostrando muito simplória, e as tentativas de humor oriundas dessa relação também não colam. Ainda assim, Nolte cai bem como um veterano de guerra traumatizado porque sabe brincar com a personalidade caricata que esse tipo de filme pede.

Já as cenas de ação rendem bons momentos. Apesar do CGI falho – que ocasiona ao menos uma cena horrorosa de fundo verde -, as sequências, em geral, divertem e dão a dose necessária de adrenalina. Contudo, a direção de Ric Roman Waugh (“Sem Perdão”) não é muito precisa. Há closes demais que acabam escondendo movimentos, além de algumas decisões ruins, como uma cena inteira de luta dentro de um carro em que é simplesmente impossível entender o que está acontecendo, são ângulos fechados demais e sem luz o suficiente, e você se pega apenas esperando tudo acabar pra saber que o herói vai se dar bem, mas não como isso aconteceu.

“Invasão ao Serviço Secreto” tem suas falhas, mas oferece uma boa dose de entretenimento para os fãs do gênero, principalmente quando se entende que a proposta da obra não é ser um grandioso e memorável filme de ação, mas sim um conto sobre um “exército de um homem só” imbatível e canastrão (e Butler abraça a canastrice da coisa como poucos). Claro que poderia ter um pouco mais de polidez e personalidade no roteiro, mas para quem procura uma distração de fácil digestão, é uma ótima pedida.

Bruno Passos
@passosnerds

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