Filme tem uma trama vazia e desconexa, servindo apenas de desculpa para o trio principal usar e abusar da química e do carisma na tentativa de ser o bastante para divertir o público.
Em 2003, a série de mulheres combatentes do crime “As Panteras” teve uma continuação/reboot com um filme homônimo estrelado por Cameron Diaz, Lucy Liu e Drew Barrymore no trio principal. Essa obra se configurou como um conjunto de sequências de ação estilosas e de vários truques de câmera que fizeram um roteiro capenga render – êxito também alcançado pela química das atrizes. Com o sucesso do longa, o prosseguimento da história seria inevitável e, enfiando o pé no acelerador e aumentando as características do primeiro, “As Panteras: Detonando” chegava aos cinemas três anos depois.
A trama gira em torno de Madison Lee – Demi Moore à vontade no papel e impondo presença -, uma ex-Pantera que se revoltou e é suspeita de uma série de crimes ocorridos. Para investigar o caso a equipe formada por Natalie, Dylan e Alex entra em atuação. Contar mais que isso seria inútil, não por possíveis spoilers, mas porque a premissa é apenas um pretexto para cenas aleatórias em que o trio principal se diverte e luta com coreografias estilizadas. Por vezes, parece que essa diversão é o maior dos objetivos (elas chegam a ter um importante confronto num lugar famoso e movimentado de Los Angeles, porém convenientemente deserto). No fim das contas, o carisma é tanto que contagia e faz facilmente com que seja possível embarcar na onda proposta e se divirta também.
Cameron Diaz (“Annie”) parece exalar açúcar de tão doce e adorável, Drew Barrymore (“Já Estou com Saudades”) brinca com a figura de durona amolecida e Lucy Liu (“O Plano Imperfeito”) é incrivelmente magnética. A história tola e a direção jocosa de McG (“O Exterminador do Futuro: A Salvação”) entregam, desde o início, que a narrativa não se leva a sério e convida o espectador a curtir essa atmosfera. Acrescente a isso, as inúmeras participações de celebridades para produzir um resultado final que, definitivamente, entretém. Espere ver Bruce Willis, Matt LeBlanc, as gêmeas Olsen, Pink, Carrie Fisher, Melissa McCarthy, Luke Wilson, Bernie Mac (substituindo Bill Murray após desentendimentos com Liu na produção anterior), Rodrigo Santoro, John Cleese, Justin Theroux, Crispin Glover, Robert Patrick, Robert Forster, um jovem Shia LaBeouf e as nostálgicas adições de Jaclyn Smith, uma Pantera original, e John Forsythe, a eterna voz de Charlie, que emprestam relevância à obra.
O ritmo é constantemente frenético, mesmo que não faça sentido, talvez uma tentativa de distrair o público da pouca história que possui. Aqueles que assistem também são bombardeados a todo momento por cenas de ação absurdas e fisicamente impossíveis, figurinos chamativos e edição veloz. É tanta coisa que, analisando friamente, pode-se perceber também a narrativa sendo pausada para a entrada de algo basicamente como um esquete cômico. O quanto tais recursos funcionam depende da capacidade de aceitar ou não a proposta tola do material.
“As Panteras: Detonando” definitivamente não é um filme que desafia o espectador. E tudo bem. Nem todos precisam ser um drama profundo ou uma obra prima cinematográfica. Os elementos que funcionam comercialmente, como os exemplificados aqui, também podem entregar bons resultados. Temos aqui a garantia de uma sessão indiscutivelmente descerebrada, mas absolutamente divertida. Isso acontece a partir da liderança de três mulheres que abraçaram o potencial de entretenimento dessa franquia boba, ridícula e festiva.