Sem qualquer tipo de desenvolvimento narrativo ou personagem que se destaquem além da camada superficial, este é apenas mais um romance que tem pouco a oferecer além do que de há mais óbvio no gênero.
O grande, e possivelmente único, acerto em “Meu Amor por Grace” é ele ser uma clássica história de amor, sem grandes pretensões. O filme nem parece se levar a sério, ao se construir com sequências desconexas ou improváveis. Com isso, é quase possível ignorar o roteiro fraco e as atuações desmotivadas dos atores, como se nem eles conseguissem encarar seriamente o projeto no qual estavam envolvidos.
A trama começa no início do século XX, com Doc (Matt Dillon) encontrando uma criança que acaba de perder a mãe para uma doença. O médico, então, decide criar o jovem Jo (Ryan Potter) para que ele possa seguir seus passos e também exercer a mesma profissão. Com o passar dos anos, o rapaz começa a ajudar seu pai adotivo, que trabalha atendendo imigrantes japoneses nas lavouras de café no Havaí. Porém, tudo muda quando ele encontra Grace (Olivia Ritchie) e começa um relacionamento proibido.
Apesar de histórias sobre uma paixão desaprovada já terem se tornado clichês ultrapassados, a narrativa do filme parece se focar nisso, sem qualquer preocupação em oferecer algum aprofundamento em sua trama. Culpa essencialmente da direção de David L. Cunningham, que não aparenta se esforçar para extrair algo desse gênero cinematográfico.
Como motivação, Jo tem sua paixão por Grace apenas. As diferenças sociais são utilizadas como principal obstáculo, junto com a questão racial. Entretanto, tudo se limita ao mais superficial que o roteiro cria – ou copia, afinal, a obra se limita aos lugares-comuns do romance folhetinesco. A jovem se vê obrigada a casar com um homem mais velho, Reyes (Jim Caviezel), para manter o nome da família, que agora se vê endividada e beirando a falência. O protagonista, portanto, precisa correr contra o tempo para conseguir provar que o seu sentimento é capaz de superar quaisquer barreiras e preconceitos.
E, pela dificuldade que a história tem para se sustentar durante os seus cento e dez minutos, algumas reviravoltas são colocadas para tentar oferecer um senso de urgência ou criar uma carga dramática. Porém, é tudo muito preguiçoso, sem qualquer desenvolvimento ou alguma coesão mínima com o que está sendo contado.
Some-se a isso a visão idealizada (outra cópia gratuita dos romances de folhetim) do amor, que serve para construir uma mulher frágil, impotente e submissa, que aguarda pacientemente por alguém que tome uma decisão por ela para acabar com seus problemas. A produção também não esconde a necessidade de uma figura masculina para poder ajudá-la. Por outro lado, sua criada, Hanabusa (Rumi Oyama), tem breves momentos de relevância, sendo um pouco menos bidimensional que os demais personagens e se tornando uma personagem mais ativa na narrativa. Contudo, o roteiro opta por ignorá-la sempre que existe a mínima oportunidade para se destacar.
Oscilando entre o óbvio e o absurdo (do ridículo e do improvável), há pouco que possa ser aproveitado em “Meu Amor por Grace”. Em algumas sequências, a fotografia consegue extrair belas imagens de um Havaí que ainda está por ser desbravado. Infelizmente, nada disso consegue diminuir os problemas nem entregar algo além dos mais pobres clichês de um romance.