Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Reino do Superman (2019): medíocre e sem inspiração

Sequência do longa que trouxe a morte do Superman falha em seu principal quesito: engrandecer seu ícone.

A fase “Novos 52” nos quadrinhos da DC pode ter chegado ao fim no papel, mas nas animações ainda segue firme e forte. Tendo iniciado um universo cinematográfico em 2013 com o filme “Liga da Justiça: Ponto de Ignição”, essa cinessérie chega a seu 12º longa com “Reino do Superman”, sequência direta de “A Morte do Superman” e onde vemos o mundo lidando com a perda do grande herói. Ou quase isso.

Quando a morte do kryptoniano foi escrita na década de 1990, ela logo foi seguida por histórias onde quatro outros supermen apareceram simultaneamente. Como o corpo de Kal-El sumiu do túmulo, muitas especulações foram levantadas sobre esses novos seres poderosos, com pessoas se indagando se algum deles era o verdadeiro. Esse quarteto dos gibis também é usado neste longa, então aqui temos Aço, Erradicador, Superboy e o Superman Ciborgue.

A animação não perde tempo em logo no início colocar os quatro para sair na mão numa sequência empolgante que mostra não só os diferentes poderes que alguns deles possuem, mas também já investe um pouco na personalidade de cada um. Do imaturo Superboy ao frio Erradicador, eles são distintos e parecem interessantes. Pena que há pouco tempo de tela para enriquecê-los como personagens.

Há outro problema aqui que é o mal uso da Liga da Justiça em si. Se em “A Morte do Superman” ela se encaixa bem na narrativa para engrandecer a ameaça do Apocalypse, aqui ela parece perdida e inútil sem o Superman. Fica claro que a ideia era reforçar a falta que o Homem de Aço faz, mas a própria Mulher-Maravilha fala que a Liga mal está dando conta de combater o mal sem ele, o que a deixa com a imagem de que dependem do kryptoniano. É um desserviço para o supergrupo dos maiores heróis da DC.

A grande falha de “Reino do Superman” é investir pouco no luto e na falta que o Superman faz  para o povo e as pessoas próximas a ele. O foco é no mistério dos quatro novos poderosos com o “S” no peito e ele só se resolve perto do final porque o que era esperado acontecer, acontece. Isso tudo é espelhado na própria Lois Lane, que mal tem tempo de sentir a perda de seu grande amor por que o roteiro a joga na investigação desse mistério. Sim, há momentos em que vemos que ela está nisso porque sente alguma esperança de reencontrar o amado, mas são momentos tão curtos que não oferecem nenhum tipo de impacto.

A animação segue o padrão visual da DC, que sempre foi elogiado. Porém, embora a qualidade se mantenha, levanta-se a questão se não há um investimento maior em evoluí-la. O traço é exatamente o mesmo da série feita para televisão, o que é pouco para quando se transporta o universo para uma narrativa em um longa-metragem. Falta interesse da própria produtora em procurar realmente impressionar, pois não há qualquer tentativa de trazer algo novo para o visual.

Ao fim da sessão, a experiência é, no máximo, na média. A tentativa de engrandecer a figura do Superman cai por terra quando o filme decide se concentrar nos quatro personagens novos e não no que o Homem de Aço significa para os que ficaram órfãos dele. Há sequências de luta divertidas e o novo quarteto até que funciona, mas com um roteiro que oferece algumas facilidades narrativas simplórias e com o foco no lugar errado, “Reino do Superman” é uma obra desprovida de majestade.

Bruno Passos
@passosnerds

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