Dirigido por Christopher Landon, sequência é superior ao filme original e ganha ao focar no humor. Excesso de sentimentalismo é o ponto baixo.
A BlumHouse é uma produtora de muito mais acertos do que erros. Em 2017, um ano excepcional para o terror com os sucessos de “Corra” e “IT: A Coisa”, surgia “A Morte Te Dá Parabéns”, um filme despretensioso, voltado para o tradicional slasher misturado com comédia. Com um orçamento de apenas US$ 4,8 milhões e incríveis US$ 125,5 milhões de bilheteria, estava na cara que seria lançada uma continuação. Dois anos depois, “A Morte Te Dá Parabéns 2” começa exatamente após o fim do seu antecessor.
Dirigido mais uma vez por Christopher Landon (“Como Sobreviver a Um Ataque Zumbi”), que agora também assume o papel de roteirista, a obra retoma a proposta de loop temporal do “Feitiço do Tempo” (1993), com a protagonista vivendo várias vezes o mesmo dia até descobrir uma solução. Se no filme de origem, a história flertava entre o terror e o humor, desta vez, o tom de comédia se sobressai apoiado em teorias de ficção científica.
Depois de se livrar do ciclo temporal da trama anterior, Tree (Jessica Rothe, de “Tudo o Que Quero”) se vê na mesma situação após um acidente com uma experiência científica no campus – quando morre, acorda na cama e reinicia o seu dia. Além de lidar mais uma vez com a história do assassino no hospital com uma nova roupagem, a protagonista precisa recomeçar para obter informações suficientes para Ryan (Phi Vu, da série “Preacher”) colocar para funcionar a máquina que causou o problema e encerrar o multiverso. Além de Ryan, que ganha mais tempo de tela em relação ao longa-metragem anterior, são apresentados dois jovens cientistas, Samar (Suraj Sharma, o protagonista de “As Aventuras de Pi”) e Dre (Sarah Yarkin, de “Eat, Brains, Love”).
Agora, Landon amplia sua história e aproveita para amarrar pontas do primeiro roteiro. Deixando o slasher de lado, o diretor pode aproveitar os óbitos para o lado cômico e criativo – em pouco tempo, a morte deixa de ser uma ameaça e se transforma em uma divertida sequência de suicídios da protagonista, realizados apenas para encurtar o ciclo temporal e não precisar viver um dia inteiro de resultados frustrantes.
Com a mudança de dimensão, Tree fica presa a três novidades: sua mãe Julie (Missy Yager, de “Oitava Série”) não está morta, seu namorado Carter (Israel Broussard, de “Para Todos os Garotos que Já Amei”) agora tem um romance com Danielle (Rachel Matthews, que estreou em “A Morte Te Dá Parabéns”), e Lori (Ruby Modine, da série “Shameless”) está viva após ter sido assassinada na obra original. Fica o questionamento da protagonista: valeria a pena retornar para a outra realidade ou é melhor tentar fazer as coisas funcionarem nesta mesmo?
Jessica Rothe foi a mais beneficiada com o foco no humor, graças a seu ótimo timing de piadas e suas reações bem expressivas. Por culpa do roteiro, também é Rothe que sofre com o excesso de drama na relação da personagem com a mãe. As cenas entre as duas são longas demais e recheadas de sentimentalismo desnecessário. A explicação sobre o multiverso, diferente de “Homem-Aranha no Aranhaverso”, é confusa, mas consegue cumprir o seu papel de deixar o texto minimamente plausível.
Dentro da proposta que indica, “A Morte Te Dá Parabéns 2” é melhor do que o primeiro e tem seus méritos. Landon pode não escolher o caminho certo em algumas oportunidades, mas é preciso ressaltar que o diretor é corajoso ao tomar as decisões menos óbvias possíveis no roteiro. Por mais que seja uma comédia, o diretor ainda busca um embasamento, mas falta pouco para passar do ponto. Com o final aberto e a cena no meio dos créditos, a tendência é o universo crescer ainda mais. Fica a expectativa se a história será finalizada seguindo uma proposta aceitável ou se vai largar mão de tudo e incluir tubarões com raio laser na cabeça à la “Austin Powers”.