Partindo de um conceito interessante, o filme se torna uma bomba graças a um roteiro mal escrito e uma direção pretensiosa.
Nos últimos anos, o gênero horror vem se aproveitando muito de elementos da cultura tecnológica que toma conta do mundo. “Unfriended” levou uma ameaça sobrenatural para conversas de Skype, “Cam” fez o mesmo com o universo das camgirls eróticas, entre outras obras que buscam expor o perigo de se estar conectado o tempo todo, seja ele verossímil ou não. “O Manicômio” tenta fazer o mesmo com o universo do YouTube, explorando a linguagem utilizada nos vídeos da plataforma.
A trama não é nada inovadora. Um grupo de jovens vai passar a noite em um manicômio em Berlim, supostamente assombrado e abandonado desde a Segunda Guerra. No local eram realizadas experiências cruéis em humanos, e mesmo após o fim da guerra, continuou sendo palco de acontecimentos terríveis. A diferença aqui é que a maioria desses jovens são youtubers famosos que pretendem gravar toda a experiência no intuito de ganhar mais inscritos. São personagens que produzem vídeos de pegadinhas desrespeitosas e tutoriais de beleza, todos eles com pouquíssima profundidade e nenhuma característica interessante, resultando em interpretações rasas e irritantes. Isso explica o estilo found footage no qual o filme é gravado, sendo bastante comum durante a obra os protagonistas falarem com a câmera como se realmente estivessem gravando um vídeo para internet.
É um conceito curioso, que poderia se tornar uma experiência cinematográfica interessante se bem explorado. Porém, não é isso o que acontece aqui. O diretor e roteirista Michael David Pate (“Kartoffelsalat”) apenas utiliza essa premissa para gravar um terror found footage como qualquer outro dos muitos que foram lançados nos últimos anos, sem qualquer inovação. O primeiro ato do filme se torna insuportável quando aliamos a câmera constantemente em um movimento nauseante com o roteiro confuso e que falha em apresentar qualquer arco da história de maneira convincente.
Com o desenrolar da história, os defeitos se tornam um pouco menos evidentes. As sequências de sustos e o terror em si não são ruins, apesar de também não se destacarem em nenhum aspecto. O ato central da produção é regular, que em comparação com os outros dois já é um grande feito.
Mas o grande problema do filme vem justamente da maior pretensão do diretor. A parte final tenta se diferenciar com um plot twist ousado, que se executado de uma maneira melhor poderia elevar o nível de qualidade da obra. Mas novamente, a maneira como isso é colocado na tela beira o ridículo, destruindo qualquer possibilidade do longa ser uma experiência aproveitável.
Em geral, a obra não oferece nada de novo, mesmo se propondo a utilizar uma linguagem moderna para um gênero já muito desgastado. Isso torna “O Manicômio” um filme cansativo, apesar da sua curta duração, além de desinteressante e mal executado.