Previsível e cheio de clichês, filme deve agradar aqueles que apenas procuram um programa familiar com uma pitada de magia natalina.
Os estúdios sempre se aproveitaram de datas comemorativas ao lançar filmes com a temática do festival em questão, para aproveitar o hype e encher os bolsos de dinheiro. São obras normalmente leves e sem grandes pretensões. A comédia romântica natalina “O Feitiço do Natal” é uma das cartadas da Netflix para conquistar corações (e views) do público.
A história é centrada em Abby (Kat Graham, de “Próxima Parada: Apocalipse”), moradora de uma pequena cidade e insatisfeita com sua carreira de fotógrafa por trabalhar em uma pequena loja tirando retratos mundanos que não fornecem perspectiva alguma para seu futuro. Ganhando pouco, ela sofre pressão da família para largar a arte que tanto ama e mudar de emprego.
Se Abby é adorável e competente em parecer infeliz com sua situação, o filme se contradiz ao mostrar seu apartamento belo, espaçoso e ricamente mobiliado. Tendo uma família claramente de classe média alta, todo o drama que envolve dificuldades financeiras perde qualquer tipo de impacto.
Entretanto, trata-se de uma comédia romântica. E ela começa a se desenrolar quando Josh (Quincy Brown, de “Dope: Um Deslize Perigoso”), melhor amigo de Abby, retorna à cidade e chama a atenção de sua família como um potencial par romântico. Só que a protagonista ganha de seu avô (o ótimo Ron Cephas Jones, vencedor do Emmy pela série “This Is Us”) um calendário do advento, peça tradicional com 25 espaços com pequenos presentes que servem como contagem regressiva para o natal após o início de dezembro. A cada dia, uma portinha se abre e a personagem principal se pega questionando se o presente é mágico já que cada objeto revelado parece prever o futuro ao serem relacionados com eventos que parecem mostrar que o médico boa pinta Ty (Ethan Peck, o Spock do seriado “Star Trek: Discovery”) é a resposta perfeita para sua vida amorosa.
Como esperado, esse triângulo amoroso rapidamente montado inicia uma série de eventos previsíveis e cheios de clichês. Isso não é necessariamente algo ruim, já que é um filme que entende e abraça sua proposta de apenas ser mais uma história natalina mágica e inocente, sem trazer nada inovador ao gênero. É uma boa opção para sentar com a família e mergulhar numa trama fácil de digerir.
Condizente com sua abordagem simplista, não há alto valor de produção aqui. Todo o visual do filme remete a uma obra feita para televisão. A fotografia deixa tudo meio artificial, como se a pequena cidade fosse uma vila natalina decorativa dessas que se vê em vitrines de lojas de decoração. Irreal, mas meiga. Diretor de outros telefilmes de temática similar, Bradley Walsh (“A Volta Do Espírito De Natal”) encaixa bem nesse tipo de projeto. Ele exagera apenas quando repete as panorâmicas da cidade para ilustrar a passagem dos dias, é esquisito demais e passa do ponto aceitável do que é abraçar a proposta descomplicada e banal do longa.
“O Feitiço do Natal” é bobo, leve, previsível e nada memorável. E sabe disso. Ao aceitar sua própria natureza, torna-se um bom programa familiar. Sua inocência é o bastante para trazer um pouco daquela mágica natalina que o fim do ano traz para os corações mais inclinados a um bom água-com-açúcar.