Divertido e tosco, filme é menos do que poderia ser.
Das telas pequenas (e das portáteis) para as gigantes: foi esse o caminho que “Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas” trilhou para abrir espaço nas bilheterias mundo afora. Embora fundamentado numa série animada bem-sucedida ao longo de suas cinco temporadas, o longa-metragem decide pegar o caminho mais fácil ao transpor o estilo de humor escrachado e metalinguístico da animação sem se atentar para o óbvio: cinema não é TV.
É claro que esta foi uma escolha consciente por parte da Warner Bros., visto que, se há algo que funciona bem no estúdio, certamente é sua divisão de animações baseadas em propriedades DC Comics. Neste caso, “Jovens Titãs” busca somente trazer o público da TV para o cinema, sem oferecer nada de novo, nem mesmo para seus espectadores infantis.
Na história, Robin (Scott Menville/Manolo Rey) está revoltado porque a Warner não quer fazer um filme sobre ele, enquanto todo mundo – literalmente – ganha sua aventura solo nos cinemas. Na busca por conseguir a atenção do estúdio, Robin descobre que jamais conseguirá ir para as telonas se não arrumar um arqui-inimigo. Para isso, surge Slade (Will Arnett/Ricardo Schnetzer), um vilão psicótico que quer destruir os Jovens Titãs à qualquer preço. Agora é o momento da equipe derrotar Slade, mas não sem antes comer uma pizza e conseguir um filme para Robin.
Neste contexto, o humor ácido e adolescente do desenho é o seu ponto mais forte. Como a própria premissa do filme aponta, o longa se dedica a criticar a enxurrada recente de filmes de super-heróis, e mesmo seu pôster expõe isso – “o filme para acabar com todos os filmes de super-herói, esperamos”. O roteiro é impiedoso, batendo na Marvel e seus clichês, mas caçoando principalmente da própria Warner e em como o estúdio é contraditório em apostar somente em Batman, Superman e, recentemente, Mulher-Maravilha, ou em personagens terciários, os quais os filmes parecem ser paródia de si mesmos, como no caso de “Esquadrão Suicida”.
Enquanto o longa se apoia em quebrar a quarta parede para se comunicar diretamente com o público, contando ainda com piadas internas (como ter Nicolas Cage para dublar o Superman) e piadas de flatulência, tudo está bem. O problema reside em o filme precisar ter o mínimo de história para se sustentar, o que é bem mais fácil de se fazer nos episódios de dez minutos do desenho televisivo do que nesta uma hora e vinte de duração. A equipe criativa por trás do longa ser a mesma da animação da TV demonstra que, após cinco anos fazendo o cartum, os roteiristas Michael Jelenic e Aaron Horvath tiveram dificuldades em manter o estilo descompromissado e divertido da animação sem qualquer base de sustentação para seu desenvolvimento.
Contudo, “Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas” vale como um divertimento competente, embora mal-acabado e abaixo do seu pleno potencial por decidir ser somente um episódio curto esticado por mais de uma hora. Contando com um elenco de peso em seu idioma original e com a tradicional alta qualidade da dublagem brasileira, conseguirá se sustentar como uma boa adição aos catálogos de streaming, assim como é uma ótima opção para aquele dia que sua irmã, filho ou sobrinha – ou mesmo você – quer comer pipoca e dar algumas risadas no cinema.