Uma comédia sobre um motel sob quarentena onde o sexo inexiste.... e a graça também.
Erro de concepção. É difícil se dissociar dessa ideia quando é preciso analisar um filme como “Ninguém entra, Ninguém sai“, já que é muito complicado compreender como um longa que se passa quase que totalmente em um motel não se utiliza do sexo, tão inerente ao local, para contar a sua história.
Quando um funcionário de um motel famoso do Rio de Janeiro (Paulinho Serra, de “Internet: O Filme”) é diagnosticado com uma misteriosa doença contagiosa, a polícia interdita o local e todos os “hóspedes” são impedidos de sair de lá por quarenta dias. Dentre eles, temos uma juíza linha dura sado-masoquista (Danielle Winits, de “Até que a Sorte nos Separe“) que está acompanhada de seu motorista, um casal suburbano em que a garota (Letícia Lima, de “Entre Abelhas”) só pensa em casamento, enquanto seu par (Emiliano D’Ávila, da novela “Avenida Brasil”) só quer se dar bem, uma dupla de adolescentes e um assaltante (Rafael Infante, de “Desculpe o Transtorno”), que para se refugiar da polícia, sequestra uma mulher que nunca obteve um orgasmo na vida (Mariana dos Santos, de “É Fada”) e a fez entrar no motel. Toda essa história é baseada em um conto bastante curto – e não dos melhores – do escritor Luis Fernando Veríssimo, que tem a intenção de ilustrar que tudo que é ótimo, se em exagero, torna-se sem graça. Só que aqui, o arremedo de roteiro não consegue transmitir essa ideia, já que o sexo praticamente inexiste no filme e fica difícil entender o que se perde então.
O simpático diretor estreante Hsu Chien Hsin, que já é um veterano assistente de direção, infelizmente não consegue “tirar leite de pedra” e segue a cartilha infame de filmar tudo como se fosse TV. Não existem planos diferenciados ou tomadas inspiradas. Tudo aqui é feito da maneira mais básica possível e de maneira até desleixada. A falta de constância narrativa também é bastante evidente, uma cena dramática e forçada no meio do filme, que não quer dizer absolutamente nada e nem tem porque existir de fato, é um dos exemplos mais claros dessa carência.
A seleção de elenco é outro erro que demonstra a falta de arrojo da produção. Praticamente todos os atores foram escolhidos por já terem desempenhado aqueles papéis em algum momento de sua carreira. É um show de esteriótipos que enrubesce até o fã mais obcecado de “Zorra Total”. Afinal quem nunca viu a Danielle Winits fazendo uma gostosona? Ou a Letícia Lima, interpretando uma suburbana voluptuosa carioca?? Ou pior, quem aguenta ver mais uma vez o inexpressivo Emiliano D’Ávila sem camisa e vivendo um cara meio burro e pegador??? Se alguém consegue se sair bem desse desastre é a atriz Mariana dos Santos, que por ser boa comediante, consegue ser engraçada até com texto ruim. Ah… e claro, não posso deixar de citar o grande Sérgio Mallandro, fazendo praticamente ele mesmo, que já faz rir só por aparecer na tela, imagine então fazendo uma piada com a inesquecível “Porta dos Desesperados”!!
“Ninguém Entra, Ninguém Sai” é um erro total desde sempre, afinal ser pudico com um filme sobre um motel não pode soar mais esquisito e errado. Soma-se a isso um show de esteriótipos extremamente sem graça, piadas primárias e uma produção sem ousadia alguma. Desse jeito, não tem Sergio Mallandro ou Sidney Magal que salve!