Tragicomédia traz um grande papel de Maggie Smith, que foi indicada ao Globo de Ouro.
“A Senhora da Van” pode não ser um filme perfeito, mas vê-lo é puro deleite, sobretudo pela grande presença de Maggie Smith. Ela arrebenta no papel de uma senhora ranzinza e mostra que aos 81 anos, não perdeu a mão de uma grande atuação – quem acompanhava a série “Downton Abbey” sabe muito bem disso. A obra também se torna bastante agradável, porque ele transforma uma história que poderia ter uma abordagem trágica, mas que é mais cômica do que dramática. Tanto que Smith foi indicada ao Globo de Ouro pelo papel como Melhor Atriz de Comédia/Musical (e injustamente perdeu para Jennifer Lawrence por “Joy – O Nome do Sucesso“).
O longa é baseado em uma história real, que se passa na Inglaterra dos anos 1970 e conta a história de Mary Shepherd (Smith), uma senhora já com certa idade que morou em uma van ao longo de 15 anos, sofreu discriminação de seus vizinhos e só criou uma amizade com o dramaturgo Alan Bennett (Alex Jennings), que a deixava usar o banheiro de vez em quando por caridade.
Pouco se sabe sobre o passado de Mary. O roteiro solta algumas pistas: ela sabe tocar piano incrivelmente bem, é extremamente religiosa, tem uma ligação forte com as freiras (o que pode indicar que ela foi uma no passado) e que ela atropelou um motociclista (ou um “veículo de três rodas”, como ela diz).
Quem não prestar atenção em “A Senhora da Van” pode achar que é apenas uma história de uma senhora ranzinza e enfadonha, já que o roteiro enfatiza mais na relação entre Mary e Alan, e menos sobre o passado dela. Embora o filme tenha acertada no tom do humor e a relação dos protagonistas seja envolvente/crível, ele perdeu uma grande chance de fazer o público conhecer uma ótima história, deixando o longa mais parecido com um telefilme do que uma obra para a tela grande.
Quem escreveu o roteiro foi o próprio Alan Bennett, que levou a história no passado para o teatro. Nicholas Hytner estava há quase uma década sem dirigir um filme para o cinema e se dedicou mais as artes cênicas. Nos anos 90 dirigiu “As Loucuras do Rei George” e o grande “As Bruxas de Salém” (que completa 20 anos em 2016), e assim como em seus trabalhos anteriores, faz uma competente direção de atores. A história depende muito do elenco e dificilmente se sustentaria com dois atores medianos, por exemplo.
Apesar dessas ressalvas, “A Senhora da Van” não deve ser ignorado. Infelizmente ficou de fora do Oscar 2016 e por conta disso, não foi tão visto como deveria, mas é uma história de amizade, preconceito e de como encaramos a velhice. Se levarmos isso para a sociedade atual, renderia um grande debate.