Novo longa de Kevin Reynolds ganha pontos pela criatividade, mas peca pela falta de ritmo.
A Paixão de Cristo é uma das histórias mais famosas da humanidade. Já foi contada e recontada centenas de vezes em quase todas as mídias possíveis. Contudo, muitas das histórias paralelas a esse acontecimento são bastante interessantes. Por isso o diretor Kevin Reynolds traz às telas “Ressureição”, que conta a história do tribuno encarregado de desmentir a natureza divina de Jesus Cristo.
O filme conta a história de Clávius (Joseph Fiennes), braço direito de Pôncio Pilatos (Peter Firth), governador da Judéia. Depois de cumprir algumas missões militares, Clávius é escalado para supervisionar as ações romanas em torno de um certo nazareno que acabara de ser crucificado. Sua missão é a de fazer com que as profecias de Yeshua (Cliff Curtis) não se cumpram (ou pelo menos não sejam divulgadas), como suas últimas palavras na cruz ou até mesmo sua ressurreição. Nessa empreitada, ele terá como principal ajudante o jovem legionário Lucius (Tom Felton).
O cerne da trama se concentra na missão do romano com ricos detalhes de sua organização: A busca por nomes envolvidos com o profeta, como discípulos, familiares e outras pessoas próximas, como Maria Madalena (Maria Botto). Tudo vai conforme planejado até o momento em que ele descobre que o que estava investigando não era uma fraude. A partir daí, sua postura muda completamente, tornando-se então mais um seguidor do Messias.
O roteiro é simples, mas, mesmo assim, cheio de altos e baixos. Apesar de não haver espaço para grandes surpresas (nem poderia, por se tratar de uma história que já é explorada a mais de dois mil anos), o texto de Paul Aiello e do diretor Kevin Reynolds traz formas criativas para relatar os eventos em torno da crucificação de Cristo, tanto que só ouvimos pela primeira vez seu nome com quase uma hora de projeção.
Por se tratar de um projeto relativamente pequeno (com orçamento aproximado de vinte milhões de dólares), a recriação de época é bastante limitada, porém, bem eficiente. Os figurinos e maquiagem dos legionários e autoridades romanas, bem como dos discípulos são bem acabados e conferem credibilidade nos aspectos visuais.
Infelizmente as atuações não tem o mesmo requinte. Ainda que Joseph Fiennes seja talentoso, sua falta de carisma e amplitude de interpretação deixam seu personagem sem a carga dramática necessária. Mesmo assim, ele tem bons momentos, como aquele em que encontra Yeshua em uma casa. Tom Felton tem pouco a oferecer, uma vez que seu personagem tem uma participação muito pequena. Cliff Curtis também tem pouca participação, porém sempre que surge em cena é elevado ao destaque que seu personagem merece.
Kevin Reynolds se perde um pouco na condução da história, ao usar técnicas diferentes durante a projeção. Ele alterna uma montagem frenética, com cortes rápidos nas cenas de batalha, depois longos planos contemplativos, apenas com paisagens, depois da ressureição.
Apesar de fazer um recorte interessante sobre uma história religiosa, o filme peca demais em seu ritmo, com passagens enfadonhas, o que diminui o interesse do espectador.