Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 03 de novembro de 2015

Atividade Paranormal – Dimensão Fantasma (2015): entediante e picareta

Vendido como uma conclusão para a confusa cronologia da série, o longa engana o público com um 3D praticamente inexistente e repleto de personagens desinteressantes. Basicamente recontando a trama de "Poltergeist - O Fenômeno", o filme funciona mais como um sonífero do que como um conto de terror.

imageParabéns para os produtores da série “Atividade Paranormal”. Ora, somados os sete (!) filmes da franquia custaram módicos (para os padrões hollywoodianos) dezoito milhões de dólares e renderam nas bilheterias mundiais mais de oitocentos milhões. Em matéria de números, o sucesso da série é inegável.

No entanto, o que começou com uma história simples de fantasmas acabou culminando em uma cronologia impossivelmente complexa, incluindo até mesmo viagens no tempo (!!!). Feito com a intenção de ser o último longa da série, este “Atividade Paranormal – Dimensão Fantasma” consegue complicar ainda mais a confusa cronologia da história, além de manter a mesma fórmula cansada dos seus predecessores.

A história se passa em 2013, onde novamente vemos uma família que acabou de se mudar para uma casa sendo atormentada pelo demônio/fantasma/entidade Toby. Desta vez é a vez da família Fleeges ser assombrada, com a filha pequena do casal principal, Leila (Ivy George) sendo o alvo do ser sobrenatural.

A trama segue de maneira idêntica aos demais longas da franquia, com os Fleeges aos poucos percebendo com o que estão lidando, através de fitas deixadas pelos antigos moradores da casa. O diferencial está na câmera customizada encontrada na casa pelo pai de Leila, Ryan (Chris J. Murray). O equipamento permite ver relances tridimensionais do que está perseguindo sua família.

O 3D, aliás, foi o que fez com que o orçamento da fita fosse adiado algumas vezes, além de ter inchado o orçamento da produção, transformou “Atividade Paranormal – Dimensão Fantasma” no exemplar mais picareta da série até aqui, com a técnica sendo “usada” – entre aspas mesmo – apenas em alguns rápidos momentos da projeção.

Você pode passar 90% do tempo sem os óculos e sua experiência não será afetada. O 3D só surge quando as manifestações sobrenaturais aparecem e, quem conhece o histórico da franquia sabe que isso acontece pouquíssimas vezes. Ou seja, você estará pagando um ingresso mais caro sem motivo algum.

O óbvio em qualquer fita do gênero seria a identificação entre público e personagens para que a audiência passasse a temer pelo destino daquelas pessoas na tela. O problema é que a família Fleeges e agregados são deveras desinteressantes. Não fosse pela boa performance da pequena Ivy George, os dois primeiros terços da projeção poderiam facilmente ser receitados como sonífero.

Acompanhar as filmagens de Ryan logo se torna cansativo porque não existe nada interessante sendo mostrado. Sim, no terceiro ato temos alguns sustos e até mesmo algum gore, mas aguentar o longa até lá se mostra uma tarefa hercúlea. Um fim (?) melancólico para uma das franquias mais rentáveis da história do cinema.

Thiago Siqueira
@thiago_SDF

Compartilhe