Tentativa de Vin Diesel de emplacar uma nova franquia revela-se uma bomba previsível e cansativa que nem mesmo o carisma de seu astro consegue salvar.
Quando o primeiro filme da franquia “Anjos da Noite” saiu, todo mundo logo comparou a trama daquele longa com “Vampiro – A Máscara” – e, convenhamos, parece mesmo. Ao (tentar) assistir este “O Último Caçador de Bruxas”, a impressão que fica é que acabamos de ver uma partida de “Dungeons & Dragons” muito mal mestrada, com uma aventura montada em cima de todos os chavões possíveis e imagináveis.
Vin Diesel estava tentando levar esse projeto pra frente desde 2010, servindo aqui como protagonista e produtor do longa. A despeito da presença do astro, jogador assumido de “D&D”, a fita é uma bagunça só. Na trama, acompanhamos o imortal caçador de bruxas Kaulder (Vin Diesel) que adquiriu sua imortalidade séculos antes, ao matar a Rainha das Bruxas (Julie Engelbrecht).
Nos dias atuais, Kaulder tenta manter a trégua entre humanos e bruxas caçando aqueles que abusam da magia. Quando seu amigo e atual biógrafo Dolan 36o. (Michael Caine) é atacado, o guerreiro suspeita de uma conspiração, contando com a ajuda de Dolan 37o (Elijah Wood) e da bela bruxa Chloe (Rose Leslie) para impedir o vilão Belial (Ólafur Darri Ólafsson) de ressuscitar a Rainha.
Uma das coisas que mais chama a atenção nessa sinopse – além da quantidade de atores gabaritados envolvidos nessa bomba – é a quantidade de clichês. Durante o primeiro ato do filme, ao acompanhar uma batida de Kaulder e Dolan 37o., parece até mesmo que os três roteiristas envolvidos na produção, Cory Goldman (do horroroso “Padre“) e a Burk Sharpless e Matt Sazama (“Drácula – A História Nunca Contada“), copiaram descaradamente trechos do primeiro “MIB – Homens de Preto”, trocando Tommy Lee Jones e Will Smith por Diesel e Elijah Wood. A sensação de Déjà vu se repete várias vezes no decorrer da projeção, o que torna a aventura extremamente previsível.
Até mesmo dentro do próprio filme as situações acabam se repetindo, com Kaulder caindo em suas lembranças duas vezes seguidas. Os relacionamentos entre os personagens também são rasos, especialmente entre Kaulder e Dolan 36o. (que se limita a Diesel chamar Michael Caine de “Garoto”) e entre Kaulder e Chloe, que rapidamente evoluem de desconhecidos para companheiros e namorados, em uma ausência sobrenatural de química entre Vin Diesel e Rose Leslie. Chega a dar pena ver atores do calibre de Michael Caine e Elijah Wood no piloto automático desse jeito e se ao menos os roteiristas tivessem encaixado um momento onde Leslie soltasse um “Você não sabe de nada, Caçador de Bruxas”, os fãs da atriz e de “Game of Thrones” poderiam rir de alguma coisa.
Aliás, se alguém por favor puder dizer qual a motivação da Rainha das Bruxas, seria bom. A vilã simplesmente age de maneira maligna e pronto, sem nenhuma explicação para as suas ações ou mesmo para sua aparência decadente. Do mesmo jeito, Ólafur Darri Ólafsson aproveita seu tamanho e cara de mau para viver um capanga vazio e unidimensional. Apenas um subchefe a ser enfrentado antes do herói encarar o chefão.
O cineasta Breck Eisner (do também péssimo “Sahara“) comete vários pecados aqui, mostrando-se um péssimo diretor de atores (algo que prejudica especialmente Elijah Wood) e revelando uma preguiça extrema na criação visual daquele mundo – o look de Vin Diesel durante os flashbacks é particularmente cômico. Mas o maior pecado que um diretor poderia cometer em um filme como esse é nas cenas de ação, que aqui são mal coreografadas e pessimamente enquadradas, sendo quase impossível saber quem acertou quem e onde durante os embates.
Para piorar, o diretor de fotografia Dean Semler usa aqui uma paleta de cores escuras e resolve colocar tudo em meio às sombras. Até mesmo a espada de fogo de Kaulder se torna difícil de ver graças ao breu que toma conta da tela, algo que só não fica pior porque não foi usado 3D aqui.
Mal escrito e com uma direção sem prumo ou pulso, “O Último Caçador de Bruxas” era a tentativa de Vin Diesel de emplacar mais uma franquia em sua carreira, mas acaba sendo um mico no nível “Van Helsing” para o ator.