Apostando em uma linguagem excessivamente "moderninha" para tentar se conectar com a garotada, longa pouco faz rir, mas mantém tom simpático e divertido.
O primeiro “Hotel Transilvânia” é uma animação bobinha, relativamente divertida, simpática e inofensiva. Nada demais. Nem chega perto de entrar no hall dos grandes filmes recentes do gênero, como “Procurando Nemo“, o último “Toy Story” e até mesmo da franquia “Como Treinar Seu Dragão“, mas é uma obra que consegue cumprir com razoável eficiência aquilo que se propõe: entretenimento descompromissado e boas referências. A sua continuação, neste sentido, mantém a pegada teen e se sustenta como um trabalho que repete o que deu certo no seu antecessor, ainda que não se arrisque a acrescentar novos elementos, cometendo excessos e se mostrando pouco inspirada do ponto de vista cômico.
“Hotel Transilvânia 2” continua acompanhando a história do vampiro Drácula, que agora permitiu de vez que humanos se hospedassem no seu hotel, antes apenas reservado aos monstros e criaturas estranhas. Tudo motivado pela paixão de sua filha, Mavis, pelo moleque descolado Jonathan, história que acompanhamos no longa anterior. Casados, eles agora possuem um filhinho, Dennis, que não demonstra nenhum sinal de ser vampiro, puxando completamente ao pai humano, o que desperta a loucura e a frustração de seu avô. Genndy Tartakovsky continua na direção e o roteiro agora é assinado por Adam Sandler (que na dublagem original faz a voz do Conde Drácula) e Robert Smigel.
De um modo geral, aquela que é a maior qualidade de seu antecessor, também prevalece neste segundo filme: as referências e as boas sacadas envolvendo a relação entre monstros e humanos continua afiada. Agora, tudo tendo como base o pequeno Dennis e o dilema de Drácula quanto à sua verdadeira natureza. Ainda há espaço, tendo isto como ponto de partida, para que se construa uma sutil reflexão acerca de uma nova geração mimada e que quer tudo para aqui e agora sem ter que fazer nada em troca, além de dar uma leve cutucada na patrulha politicamente correta de plantão.
Paradoxalmente, ao passo que critica sutilmente tais aspectos da atual juventude, o longa parece se entregar facilmente a seus clichês. Assim, tem smartphone pra tudo o que é lado, “joinha”, YouTube, “selfie” e, claro, o monstrengos anciões com dificuldades para se adaptar a tais tecnologias e linguagens, numa alusão nada criativa ao choque de gerações que presenciamos nessa nova era, onde as crianças já nascem plugadas e seus pais (e avós, porque não?) possuem enorme dificuldade para compreendê-las.
Exageradamente “moderninho”, portanto, a parte cômica fica à mercê deste novo tipo de abordagem. O texto de Smigel e Sandler, talvez se inspirando em alguns dos medíocres trabalhos protagonizados por este último, pouco faz rir, com exceção de um ou outro momento mais sagaz. A introdução de um até então desconhecido vampiro da família, por exemplo, é bem-vinda e rende boas situações, mas nada muito além disso. De resto, o que sobra é um engodo burocrático, repetitivo e pouco imaginativo.
Dessa forma, é conveniente colocar que novamente temos uma animação bobinha, simpática, que não chega a ser exatamente ruim, mas também não é marcante o suficiente para destacar-se no seu gênero.