Em seu terceiro episódio, franquia ainda consegue render bons sustos.
No ano de 2004 o mundo foi tomado de assalto por uma nova série de suspense/terror, a franquia “Jogos Mortais”. Um dos roteiristas, Leigh Whannell (responsável pelo roteiro dos três primeiros episódios, únicos que realmente valem a pena) passou para a cadeira de direção em 2011 para dar início a mais uma série de terror. Hoje, quatro anos e dois filmes depois, chega às telas de cinema a prequel “Sobrenatural: A Origem”, para mostrar de onde vieram alguns personagens importantes da franquia, além de trazer um novo respiro para fórmula que já dava sinais de cansaço.
O filme tem início com a jovem Quinn Brenner (Stefanie Scott) indo buscar os serviços de uma experiente vidente chamada Elise (Lin Shaye), que tem talentos especiais para se comunicar com os mortos. Ela buscava contato com sua mãe, que morrera alguns meses antes, o que causou um afastamento entre Quinn e seu pai, Sean (Dermot Mulroney). No entanto, depois da visita a vidente, que se recusa a voltar a prestar tais serviços devido aos riscos envolvidos, uma série de acidentes e eventos bizarros começam a atingir a adolescente, que continua obcecada em estabelecer contato com o espírito de sua mãe.
A trama tem um desenvolvimento interessante ao mostrar Elise como uma mulher consciente tanto do poder de seu dom quanto dos riscos envolvidos ao se estabelecer contato com o além. Tal consciência fica evidenciada em diálogos interessantes, como as explicações e medos da personagem, além das manifestações presentes em sua própria casa e sua misteriosa Sala de Leitura.
Os eventos assustadores ocorrem de forma gradativa, e muitas vezes surpreendentes, que colabora com o clima de tensão, sempre presente na fita. Mesmo que ainda haja sustos baseados na alteração do volume da trilha sonora, as melhores passagens são aquelas em silêncio, como a angustiante sequência em que Quinn tenta se esconder embaixo da cama.
Outro elemento que surge de forma orgânica é a introdução de outros personagens já conhecidos dos fãs da franquia, como os “caça-fantasmas” Tucker (Angus Sampson)e Specs (o próprio diretor Leigh Whannell), que são famosos apenas no YouTube, além de Carl (Steve Coulter), amigo experiente de Elise.
Ao contrário de Lin Shaye, que realiza um excelente trabalho, o núcleo do elenco da família Brenner tem atuações que, se não chegam a atrapalhar, não são mais do que corretas.
Também merecem menções honrosas toda a equipe responsável pelos aspectos visuais do longa. Além das maquiagens das criaturas do outro mundo, que são realmente assustadores, mais pela sugestão do que por um horror gráfico exagerado, a fotografia realiza um papel importante, utilizado o escuro como elemento complementar do suspense.
Além de atingir seu objetivo primordial de trazer novos ares a uma franquia de sucesso, “Sobrenatural: A Origem” ainda consegue criar um gancho para novas aventuras da equipe recém formada, o que abre um novo filão a ser (e que certamente será) explorado pelos produtores.