Após lançarem um (péssimo) filme sobre eleições no período eleitoral, o diretor Roberto Santucci e o roteirista Paulo Cursino repetem a parceria com esta (fraca) comédia romântica, que chega aos cinemas a tempo para o Dia dos Namorados.
A primeira coisa que pensei quando terminou este “Qualquer Gato Vira-Lata 2” foi que eu havia esquecido como o tal Magrão, vivido por Álamo Facó, era babaca. A segunda foi que este filme é, de fato, melhor que o original – o que não quer dizer muita coisa. No primeiro, nenhuma piada funcionou. Já aqui, dez gags até que fizeram rir. Considerando que o diretor Roberto Santucci atira cerca de cinco piadas por minuto na cara do público em uma projeção de uma hora e meia, realmente essa evolução não foi lá muito significativa.
Mantendo a tendência iniciada em “S.O.S. – Mulheres ao Mar”, “Meu Passado Me Condena – O Filme” e “Até Que a Sorte Nos Separe 2” (este último , também escrito pelo roteirista desta continuação, Paulo Cursino), temos aqui mais uma história que se passa durante uma viagem dos protagonistas a algum lugar paradisíaco, sendo Acapulco o destino escolhido pelos produtores, com direito até a citação ao bom e velho “Chaves”.
Tati (Cléo Pires) e Conrado (Malvino Salvador) viajam para a Riviera Maia para um congresso no qual este último irá palestrar. Durante a viagem, Tati pretende pedir seu namorado em casamento e transmitir via internet o pedido para todos os seus amigos e conhecidos no Brasil. Quando o pedido dá errado, eclode uma crise no relacionamento entre os dois, com os seus respectivos ex-parceiros, o surfista Marcelo (Dudu Azevedo) e a psicóloga Ângela (Rita Guedes) tentando aproveitar a situação para forçarem uma reconciliação.
Obviamente, usando esse arremedo de trama, vemos todo os clichês mexicanos possíveis e imagináveis, desde mariachis que surgem do nada a um amante latino igualmente onipresente (e que tenta transar com praticamente todo mundo do elenco).
Enquanto Tati e Conrado permanecem como um insuportável casal formado por uma lunática deslumbrante e um chato bonitão, tal qual no primeiro filme e a Ângela de Rita Guedes continua sem saber exatamente o que quer, é o Marcelo de Dudu Azevedo quem surpreende e ganha os melhores momentos da produção.
Muito disso é porque Azevedo não divide mais tantas cenas com o insuportável Magrão (já falei como esse personagem é irritante?) e tem uma nova companheira de tela, a pequena e talentosa Mel Maia, que vive Júlia, uma garotinha que se finge de filha do surfista para que este pareça maduro na frente de Tati (um plano tão original quanto inteligente, diga-se).
Por conta de suas interações com Julia e até mesmo confrontado com a noção de que ele perdeu Tati para sempre, Marcelo acaba amadurecendo um pouco, deixando de ser um mulherengo unidimensional e ganhando contornos que redimem o personagem, incluindo aí até mesmo uma ótima gag metalinguística envolvendo a edição da revista “Playboy” da qual Cléo Pires foi capa.
Claro que isso não salva um longa medíocre no qual o público se vê incapaz de torcer pra que o casal central fique junto. Em momento algum, Tati ou Conrado se mostram dignos de empatia. Por mais que Cléo Pires seja linda, sua Tati continua a ser o pesadelo de qualquer namorado e a antítese da mulher moderna com seus exageros e chiliques.
Há ainda uma tentativa de explorar melhor a advogada com uma cena entre ela e seu pai, vivido por Fábio Jr., pai de Pires na vida real, mas o momento parece ser mais sobre Cléo que Tati, resultando em uma sequência que parece deslocada do restante do filme. Já o Conrado de Malvino Salvador tem o carisma de um botijão de gás vazio, e nem a presença de sua ninfomaníaca mãe, vivida por Stella Miranda, consegue dar algum tempero ao professor (ou guru, sei lá).
Considerando que as dez boas piadas do filme cabem em um vídeo do “Porta dos Fundos” para o YouTube, faça como o mais famoso cidadão mexicano e prefira ver o filme do Pelé.