Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 18 de abril de 2015

Risco Imediato (2014): um filme de ação divertido, porém esquecível

James Franco e excesso de cenas de ação prejudicam o que poderia ser um bom exemplar do gênero.

O que você faria se encontrasse uma mala cheia de dinheiro? E se tivesse a oportunidade de exercitar as suas mais violentas fantasias, porém sem machucar ninguém de verdade? O diretor Henrik Ruben Genz encontrou no romance de Marcus Sakey, roteirizado por Kelly Masterson, a oportunidade de encontrar as respostas para as perguntas do início desse texto.

O filme conta a história de Tom Wright (James Franco), um jovem arquiteto americano que, por conta da crise econômica de 2008, decidiu ir morar em Londres com sua esposa Anna (Kate Hudson). Porém, mesmo com a mudança, as finanças ainda não melhoraram. Por conta disso, Anna manteve sua carreira de professora escolar, enquanto Tom trabalha executando pequenas reformas em residências.

A vida dos dois sofre uma grande reviravolta ao descobrirem que o homem que morava de aluguel no porão da casa deles é encontrado morto. Afinal, durante a limpeza do lugar, eles encontram uma mala com mais de duzentas mil libras esterlinas. Quando decidem ficar com o dinheiro ao invés de entregar a polícia, encontram-se presos no fogo cruzado entre dois grupos de criminosos, além de objetos de investigação do correto inspetor de polícia John Holden (Tom Wilkinson).

O desenrolar da trama se dá de forma acelerada, porém sem pressa. Rapidamente compreendemos a dinâmica entre os grupos de criminosos que perseguem o casal. Um deles liderado pelo violento Jack Witkowski (Sam Spruell), que sempre utiliza maneiras criativas de tirar informações de seus inimigos, sejam elas bolas de sinuca ou a curiosa mistura de um cinto com um pé de cabra. Liderando o outro grupo surge o misterioso Khan (Omar Sy), apelido que conferiu a si mesmo, por se considerar semelhante ao conquistador da Mongólia, famoso por preservar os aliados e destruir os inimigos.

O roteiro coloca os protagonistas em situações cada vez mais complicadas, à medida em que o cerco em torno de Tome Anna se fecha. E a apreensão que eles experimentam seria mais verossímil caso o protagonista não fosse alguém tão inexpressivo como James Franco. É incrível como o ator é incapaz de transmitir qualquer emoção, exceto aquelas que se baseiam no exagero, como a dor quando é machucado. Já Kate Hudson cumpre seu papel com dignidade, apesar da pouca profundidade de sua personagem. Tom Wilkinson realiza um trabalho bastante honesto, apesar dos eventos quase sobrenaturais a que é submetido no terceiro ato. Omar Sy utiliza bem os poucos minutos em tela, sempre ameaçador, graças a seu avantajado porte físico. Porém, o maior destaque vai mesmo para Sam Spruell, que consegue equilibrar toda a astúcia de Peter com sua selvageria sádica.

O desequilíbrio causado por Franco é razoavelmente compensado pela direção frenética de Genz. Apesar de construir algumas boas cenas de ação, como a intrincada perseguição dentro de uma casa em obras, estas se repetem muitas vezes, tirando o impacto que teriam caso fossem mais intercaladas por uma história mais profunda.

Dessa forma, é uma pena que “Risco Imediato” se transforme numa experiência que, apesar de divertida, provavelmente não ficará na memória de seu público poucos minutos depois de deixar a sala de projeção.

David Arrais
@davidarrais

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