Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 05 de janeiro de 2015

Uma Noite No Museu 3 – O Segredo da Tumba (2014): um final digno

Embora tenha uma direção pouco imaginativa e um roteiro derivativo e com algumas piadas que só podem ser descritas como "preguiçosas", o longa possui um elenco carismático e uma certa leveza que ajudam a suplantar esses problemas e encerrar essa trilogia de maneira digna.

imageO tom deste “Uma Noite no Museu 3 – O Segredo da Tumba” é de encerramento. Não só o filme marca a despedida de Robin Williams e Mickey Rooney do cinema (ambos faleceram em 2014), como também aponta para o final desta série, iniciada em 2006, ou pelo menos dessa versão dela. Enquanto é difícil dizer que esta última se trata de uma grande perda, ao menos a franquia se encerra em um episódio que, mesmo longe de inesquecível, mostra-se uma diversão inofensiva para a garotada.

Situado alguns anos depois do capítulo anterior, reencontramos o protagonista Larry Daley (Ben Stiller) onde o deixamos, como chefe do programa noturno do Museu de História Natural, onde a história ganha vida graças a uma tabuleta mágica vinda do antigo Egito, embora o staff do museu ainda acredite que tudo se deve a efeitos especiais. Quando a tabuleta começa a apresentar problemas e a magia começa a falhar, Larry, seu filho adolescente Nicky (Skyler Gisondo) e o restante da turma embarcam para o Museu Britânico para descobrirem os segredos por trás do objeto e salvar a magia.

Basicamente, o roteiro de David Guion e Michael Handelman (“Um Jantar Para Idiotas”) tem como objetivo dar uma resolução para a história de Larry e seu filho, colocando no caminho o máximo de gags possível.

Nisso, temos um homem das cavernas (também vivido por Ben Stiller) que acha que Larry é o seu pai, um Sir Lancelot (Dan Stevens) com um arco narrativo igual ao de Buzz Lightyear no primeiro “Toy Story” – juro que fiquei esperando alguém gritar para ele “Você é um boneco de cera!” -, a dupla Jed e Octo (Owen Wilson e Steve Coogan) se metendo em novas confusões, mais encrencas envolvendo esqueletos de dinossauros e outras franquias da Fox sendo referenciadas – Darth Vader apareceu no filme passado e um certo herói do estúdio tem uma ponta aqui. Até mesmo o recente “Êxodo – Deuses e Reis” – também da própria Fox – ganha uma alfinetada indireta com a presença de Ben Kingsley como o pai de Ahk (Rami Malek).

No entanto, a despeito da proliferação de piadas fáceis e recicladas, há um certo descompromisso do longa e do diretor Shawn Levy em se levar muito a sério que dota a produção de certa leveza, fazendo com que esses problemas se tornem toleráveis. E o próprio carisma dos atores envolvidos, que realmente parecem querer divertir o público, dá um quê a mais à produção.

Os destaques vão para Wilson e Coogan, que protagonizam uma seqüência em Pompeia que, mesmo com uma conclusão um tanto escatológica, consegue ser mais digna que a fita homônima lançada em 2014, e para o galã inglês Dan Stevens, que embarca em uma onda canastrona ao dar vida ao seu Sir Lancelot, arrancando algumas boas risadas em uma cena em um teatro inglês. Em contrapartida, o fabuloso Ricky Gervais surge mais uma vez desperdiçado e Rebel Wilson aparece chatíssima – e arrisca ainda protagonizar uma possível continuação para a série.

Robin Williams possui uma participação relativamente curta, atuando de maneira mais ativa apenas em uma cena mais elaborada, na qual ele, Ben Stiller e Dan Stevens entram dentro de um determinado quadro no Museu Britânico. Chega ser até um pouco triste que seu personagem tenha um momento de despedida que ecoa o sentimento de perda o qual temos pelo ator.

Enquanto os coadjuvantes roubam a cena, Stiller, mesmo vivendo dois personagens, tem apenas uma seqüência digna de nota, justamente aquela em que compartilha a tela com o já citado Ben Kingsley. Já sua trama familiar com Skyler Gisondo, que deveria ser o coração do protagonista, é apenas aborrecida e cansada.

De todo modo, mesmo extremamente derivativo e até mesmo um tanto quanto preguiçoso, este “Uma Noite no Museu 3 – O Segredo da Tumba” se mostra razoavelmente divertido e um encerramento digno para essa série, mais por conta de seu elenco do que pela qualidade do texto ou da direção.

Thiago Siqueira
@thiago_SDF

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