Comédia familiar da Disney é limitada, mas deve divertir a criançada.
Nem todos os dias são de glória. Na vida adulta, as responsabilidades com trabalho, família e relacionamentos amorosos podem desgastar nossa rotina. Ao final do dia, a única certeza que temos (e torcemos) é que o amanhã pode ser melhor. No universo infantil, os problemas também atormentam a vida dos pequenos, que nem sempre sabem como evitar ou resolver essas situações. A partir do livro escrito por Judith Viorst, a Disney leva ao cinema as aventuras da família Cooper em uma comédia que não deixa de divertir seu público-alvo.
Na trama, Alexandre (Ed Oxenbould) mora com seus pais, Kelly (Jennifer Garner) e Ben (Steve Carell), e seus três irmãos, Anthony (Dylan Minnette), Emily (Kerris Dorsey) e o pequeno Trevor. Depois de acordar com chiclete preso em seu cabelo, Alexandre mal sabe que esse será o primeiro de muitos outros acontecimentos que irão abalar o seu dia. Alexandre deseja que a família entenda o seu lado e viva na pele o que é ter um dia ruim. Prestes a fazer aniversário, o desejo do garoto é realizado e os Cooper precisarão ter jogo de cintura para todos os problemas que irão enfrentar.
O longa é o primeiro trabalho de Rob Lieber como roteirista. Talvez por isso, a história não saia muito do convencional. Por essa limitação, a trama segue diversos clichês, mas que podem funcionar para as crianças. Alexandre é carismático e sua posição dentro da família é de fácil compreensão. Os pais já não mimam tanto o garoto, até porque um novo bebê virou a atração da família. No colégio, Alexandre vive sua primeira paixonite, além de disputar atenção com um colega que é adorado por todos.
Ao transformar a vida dos Cooper em um inferno, Lieber se vê obrigado a criar tramas paralelas demais para justificar o argumento. Assim, não há uma boa medida do que é importante em cena. O primeiro baile de Anthony, apaixonado por uma garota insuportável, é o arco mais prejudicado. Por outro lado, Emily, a aspirante a atriz de musicais, tem momentos engraçados, ainda que prejudicados pela limitação de Kerris Dorsey. Já Jennifer Garner e Steve Carell se entregam à piada sem muito esforço, mas a relevância de seus plots não amarra, como deveria, a trama. Alexandre deixa de ser a atração e vira testemunha dos conflitos.
Dessa forma, a multiplicidade de situações praticamente transforma o longa em episódico, onde nem tudo ali funciona como planejado. Apesar disso, temos que reconhecer a harmonia que existe na família Cooper. Todos estão claramente se divertindo em cena, e nada melhor o que não ser obrigado a ser engraçado para, no fim, ser. “Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso” não tem grandes intenções e isso fica claro pela morna direção de Miguel Arteta, experiente diretor de TV. Arteta registra o básico, sem muita pirotecnia ou inventividade em seu cargo, correspondendo bem ao roteiro de Lieber nesse sentido.
Nada mais do que um filme leve sobre relações familiares, a mensagem é passada com muita clareza, já que o roteiro faz questão de expor o protagonista dialogando sobre o que aprendeu com aquele dia. Pode funcionar para a criançada, que certamente vai aprender bastante com Alexandre, mas não deve fazer história como outros sucessos da Disney. O longa cumpre cronograma e se basta nisso.