Drama traz uma forte análise sobre o luto e as maneiras de lidar com a perda de entes queridos
Uma das maiores dores que alguém pode sentir é a perda de alguém importante, um ente querido, especialmente quando esse alguém é um membro da família. Quando tal perda ocorre de forma traumática, as consequências podem ser profundas, do ponto de vista psicológico, chegando ate mesmo a se manifestar de forma física. Com isso em mente, os roteiristas Matthew McDuffie e Arie Posin (que também dirige a fita) contam a história de Nikki (Annette Bening), uma mulher na casa dos cinquenta anos que ficou viúva depois que Garret (Ed Harris), seu marido, se afogou em um banho de mar, numa praia mexicana.
Passados cinco anos, Nikki está começando a retomar a vida, com a ajuda da filha Summer (Jess Weixler) e do vizinho Roger (Robin Williams), também viúvo e amigo de longa data do casal. Em uma das etapas de transição do luto, Nikki vai visitar o museu que costumava ir com o marido e tem uma surpresa inesperada: encontra Tom, um professor de arte que é fisicamente igual a Garret. E esse encontro provoca uma avalanche de sentimentos e mudanças na vida de Nikki, que irão afetar as pessoas queridas à sua volta.
A construção desse relacionamento é conduzida com uma mistura de leveza e melancolia. Leveza por serem duas pessoas de idade avançada, que já passaram por várias experiências ao longo da vida, revivendo as emoções de um amor adolescente.
A melancolia se deve totalmente pelo ponto de vista de Nikki, graças à atuação soberba de Annette Bening. A atriz consegue transmitir com eficácia toda a confusão de sentimentos que vêm à tona a cada descoberta da personalidade de Tom. Tal confusão se dá pelo fato do conflito entre suas partes emocional, que se satisfaz por ter o companheiro novamente a seu lado, e a parte racional, que logo a puxa de volta a realidade.
Além de Bening, o restante do elenco é digno de elogios. Jess Weixler tem seu grande momento quando finalmente conhece o namorado misterioso da mãe enquanto Ed Harris atinge o mesmo patamar da colega de cena, como no momento em que prepara uma surpresa para a namorada. O único que destoa um pouco é Robin Williams, mas nem tanto por sua culpa. Ele é prejudicado por ter pouca participação na trama, além de uma conversa de uma rispidez incompatível com sua personalidade, que nada acrescenta à história.
Os aspectos visuais também tem função importantes na narrativa. A grande quantidade de espelhos (ou outras superfícies refletoras) que permeia o filme enaltecem a dualidade dos sentimentos de Nikki, assim como as cores vistas em tela. Aos poucos, a tela vai passando de uma paleta de tons frios no início da projeção até atingir uma profusão de cores, à medida que o relacionamento avança.
Apesar de problemas na montagem, que tornam o filme, ainda que com apenas noventa minutos de duração, um pouco arrastado, “Uma Nova Chance Para Amar”é um drama competente, sem jamais soar melodramático ou exagerado.