Ainda que não desrespeite seu público-alvo, animação é morna e pouco empolga.
A obsessão de esquilos por nozes já ficou batida em animações com bichinhos falantes e, por incrível que pareça, é um dos motes de “O Que Será de Nozes?”. Sem o selo de grandes estúdios especialistas no formato, o longa faz uma estreia morna no Brasil na tentativa de ser uma opção para o público infantil, mas a trama pouco criativa carece até de diversão para os pequenos, quanto mais para os seus acompanhantes.
O longa acompanha a vida de Max, um esquilo independente que não pensa em grupo. Ele mora em um parque com outros animais que, preocupados com a chegada do inverno, estocam comida. Liderados por Racoon, os esquilos Gray e Andie partem em busca de alimento e se esbarram com Max, que também deseja garantir sua comida. Depois de tentarem assaltar um carrinho de nozes, que culmina na expulsão de Max do grupo, eles descobrem que existe uma loja com castanhas, amendoins e outras guloseimas que pode garantir a alimentação dos esquilos, marmotas e outros animais do parque.
A ideia requentada do roteiro de mostrar os bichinhos em busca da sobrevivência acaba não trazendo novidade alguma. O protagonista chega a ser indelicado demais diversas vezes durante a projeção, principalmente com seu melhor amigo, um ratinho carismático, tornando-o um anti-herói desinteressante. Sem a empatia dos personagens secundários, talvez o filme não tivesse sequer um alívio cômico. Ainda que afetado demais, Gray é extremamente carismático e sua função dentro da trama, ainda que limitada, é bem estabelecida pelo roteiro. Considerado o herói do parque, sem na verdade ser, é visível que ele tem um bom coração. A cadela Pérola é hilária e sua relação com Max é um dos poucos pontos fortes da história.
Durante o filme, os conflitos impossibilitam que a criançada torça pelos heróis. A previsibilidade é uma das opções mais recorrentes em animais infantis, mas aqui o clímax sequer traz um sopro de novidade para qualquer que seja o espectador. Aliás, a trama paralela que envolve bandidos e um roubo ao banco jamais justifica sua necessidade. A montagem de Paul Hunter carece de ritmo, se arrastando mais do que deveria. Enquanto isso, o departamento musical tenta dar um andamento mais dinâmico à trama, mas nem sempre consegue eliminar o enfado, principalmente do segundo para o terceiro ato.
Após trabalhar no departamento de animação de “Toy Story 2”, o diretor Peter Lepeniotis assume sua primeira grande produção sem muito vigor, se destacando mais pelas cenas de ação no último terço do longa. Vale ressaltar o bom trabalho feito no desenho dos personagens, principalmente de Gray, sendo quase possível sentir a “fofura” da sua cauda. Mas os elogios não se estendem aos cenários, genéricos e pouco atrativos. A utilização do 3D é praticamente inexistente e se restringe a lançar nozes no rosto do espectador.
O longa vem para provar o quanto o público se acostumou com animações mais apuradas, como as lançadas por estúdios como Dreamworks e Pixar, sempre cuidadosos tanto com narrativa quanto com visual. Ainda que “O Que Será de Nozes?” não faça brincadeiras de mau gosto e respeite seu público-alvo, faltou um pouco mais de dedicação para torná-lo memorável.