Superior ao seu predecessor (o que não era muito difícil), o longa arruma novos amigos e um novo emprego para o avião Dusty.
Uma coisa a ser entendida a série “Aviões” é que ela é absolutamente secundária dentro da Disney. Mesmo sendo um derivado de uma franquia da Pixar, o estúdio da luminária nada tem a ver com as aventuras do alado Dusty e de seus amigos, criadas basicamente para o conglomerado do Mickey vender mais brinquedos, mochilas e que tais. Enquanto o filme anterior da série foi pouco mais que uma releitura menos inspirada do “Carros” original, aqui há algum esforço para realmente expandir esse universo.
Em “Aviões 2 – Heróis do Fogo ao Resgate”, a vida do protagonista Dusty dá uma nova guinada. O outrora avião pulverizador que se tornou um campeão de corridas acaba forçado a sair do esporte quando uma de suas peças quebra. Após um acidente, o aeroporto de sua cidade acaba interditado por falta de pessoal de emergência e Dusty se torna voluntário para ser um bombeiro.
A partir daí, acompanhamos seu treinamento no parque de Pico Pistão, no esquadrão liderado pelo sério helicóptero Blade. Então temos toda uma nova hoste de brinqued… quer dizer, coadjuvantes e uma nova trama de superação, com o avermelhado voador tentando ajustar-se à sua nova situação e aprender a ser um herói.
O maior problema deste longa é o seu predecessor. O roteiro de Jeffrey M. Howard perde muito tempo basicamente se livrando da ambientação e dos personagens da fita passada antes de começar a contar a sua própria história, o que acaba enfraquecendo a própria trama. Não por acaso, esse primeiro ato é o mais fraco da narrativa e serve meramente para mostrar quão perdido Dusty se torna, algo que não foi feito com muito sucesso, aliás.
A partir do segundo ato, o filme (sem trocadilhos) realmente decola, conseguindo lidar com a nova situação de Dusty e com a frustração deste, ao mesmo tempo em que apresenta com eficiência os novos personagens que, apesar de meros arquétipos (o sábio índio, a periguete animada, o mecânico genial, os malucos por adrenalina), são bem mais carismáticos que os antigos amigos do nosso herói.
É interessante notar que esse universo iniciado por “Carros” continua a trabalhar com temas inerentes a situações típicas da cultura estadunidense. Saem as corridas e entram os parques naturais e os incêndios que comumente os assolam. Isso faz sentido, pois traz ao público-alvo (crianças do país natal do filme) situações que estas estão acostumadas a ver os seus pais comentando de maneira leve. Para os adultos, temos algumas referências culturais, destacando-se aquela feita ao antigo seriado “CHIPs”.
A animação não possui as ambições visuais daquelas assinadas pela Pixar, DreamWorks ou pela equipe titular da Disney, mas não compromete, embora o 3D seja absolutamente dispensável. Os cenários, apesar de relativamente simples quando comparados às superproduções atuais, remetem de maneira verossímil a locações reais dos Estados Unidos, reforçando as já citadas ligações com eventos corriqueiros de lá. A trilha sonora é bastante divertida e o bom uso de “Thunderstruck”, da banda AC/DC, já compensa a ida ao cinema por apresentar a molecada ao bom rock.
“Aviões – Heróis do Fogo ao Resgate” tem seus problemas. Seu protagonista é deveras genérico e algumas de suas gags são muito previsíveis. No entanto, sua ingenuidade e mensagens o tornam um programa até razoável para a criançada. Não é nenhum clássico, mas também não ofende, o que já é uma bela evolução quando comparado ao seu antecessor.