Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quarta-feira, 02 de julho de 2014

Muppets 2: Procurados e Amados (2014): uma sequência divertida

Uma continuação que segue os passos do filme anterior, divertindo adultos e crianças com sacadas inteligentes e hilárias, ainda que cometa alguns pequenos deslizes.

MuppetsTrês anos após o ótimo “Os Muppets” (2011), que foi responsável por dar uma nova “cara” à franquia de sucesso criada por Jim Henson, James Bobin e Nicholas Stoller (diretor dos ótimos “Vizinhos” e “Ressaca de Amor”, além de roteirista dos também bacanas “Sim, Senhor!” e “As Loucuras de Dick e Jane”) se reúnem novamente para contar mais uma aventura da trupe que diverte adultos e crianças há décadas.

Dando sequência ao que vimos anteriormente, este “Muppets 2: Procurados e Amados” inicia justamente do ponto que se encerra o primeiro filme, já abrindo a narrativa com um número musical que satiriza o fato de, devido ao seu sucesso, eles terem que inventar uma nova história para contar, algo tão comum em Hollywood e que não muito raramente resulta em continuações fracas e desnecessárias, o que felizmente não é o caso.

Agora, a turma liderada por Kermit, o Sapo, embarca em uma turnê mundial onde farão diversas apresentações e ampliarão seu público, tudo isso custeados por um suspeito investidor chamado Dominic Badguy, o que já entrega quem será o vilão da trama, em uma clara ironia que remete imediatamente ao vilão do filme de 2011 (Tex Richman, interpretado de modo carismático por Chris Cooper). O tempero adicionado é o de que agora parece haver um “badguy” ainda mais temível do que Dominic, um sósia de Kermit chamado Constantine que se autointitula “Número 1”, o criminoso mais procurado daquele universo.

Se algo que prejudica bastante o ritmo do primeiro longa é o fato de o roteiro gastar tempo demais desenvolvendo um plot dramático para o casal de humanos (comparações acabam sendo inevitáveis, para o bem e para o mal), aqui os realizadores resolvem corrigir o erro e nos entregar aquilo que realmente queremos: foco nos bichinhos. O que é muito natural, uma vez que a estrutura criativa daquela obra se mantém na atual, com Bobin na direção (e agora também corroteirizando) e Stoller no roteiro, aparando excessos e aperfeiçoando o que já funcionou, o que não impede novos pequenos problemas de aparecerem.

Assim, as referências pop e as participações especiais continuam divertidíssimas. Ray Liotta, Lady Gaga, Zach Galifianakis, Toby Jones, Christoph Waltz… a lista é grande.  A atmosfera da película, por exemplo, é toda inspirada nos filmes de espionagem que fizeram tanto sucesso na década de 1960, no ápice da Guerra Fria. Não é à toa que a prisão da qual Constantine escapa (e que posteriormente Kermit é enviado) é localizada justamente na Sibéria, região mais gelada e inóspita da Rússia, antiga União Soviética, tornando o sotaque entoado por este não só verossímil como bastante engraçado. Miss Piggy também rouba a cena mais uma vez e seu dueto com Celine Dion é um dos grandes momentos (cômico e dramático!) da fita. Todos os membros clássicos, aliás, continuam bem afiados; o Animal (“bad frog, bad frog”), Fonzie, Gonzo, etc, além de outros novos personagens introduzidos.

Por outro lado, temos um Walter cujo protagonismo é cada vez mais ofuscado e diluído entre todos os personagens da companhia. Dessa forma, se no primeiro filme ele desempenhou um papel fundamental na trama a na resolução dos conflitos, aqui sua participação é diminuto durante boa parte das quase duas horas de projeção e, quando finalmente aparece de modo decisivo, a sensação que fica é a de que ele não era realmente necessário, podendo seu papel ter sido desempenhado por qualquer outro, inclusive um daqueles que o acompanharam na jornada. Afinal, onde foram parar Gary e Mary? Dilemas mal resolvidos e que Stoller e Bobin não souberam conduzir de maneira mais segura, já que este personagem foi inventado para esta nova fase da franquia e, como já colocado, protagonista há três anos.

Desse modo, temos uma continuação que, por mais que tropece aqui e ali, permanece divertida e recheada de boas sacadas, sendo extremamente bem-vinda e prazerosa de se assistir. Uma obra para a família inteira, fãs antigos e novos, e agora consolidada pela Disney neste novo cenário cinematográfico, provando que quando se trata dos Muppets, há sempre uma boa história para contar.

Arthur Grieser
@arthurgrieserl

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