Repetindo várias e várias vezes as mesmas piadas, esta paródia é um espetáculo constrangedor, que estica seus 90 minutos de projeção em uma interminável sessão de tortura.
Logo no início de “O Mestre”, filme de Paul Thomas Anderson, há um momento onde o protagonista faz uma boneca de areia e começa a simular sexo com ela. Os amigos dele riem da situação, até que ela se estende por muito tempo, perde a graça e torna-se perturbadora.
Pois bem, algo bem parecido acontece neste “Inatividade Paranormal 2”. Várias vezes. Só que a intenção dos realizadores aqui é fazer comédia. E aí o público acaba entendendo pelo que os amigos de Joaquin Phoenix passaram lá na supracitada cena de “O Mestre”. Assim como a franquia “Atividade Paranormal” tornou-se deveras numerosa, contando inclusive com spin-offs internacionais, sua paródia também ganhou esta sequência, tão desastrosa quanto o capítulo anterior.
O foco principal de “gozação” aqui é o relativamente recente “Atividade Paranormal – Marcados Pelo Mal”, mas obviamente outros filmes do gênero (e mesmo “Todo Mundo em Pânico”) são referenciados durante os intermináveis 90 minutos de projeção desta fita, escrita por Marlon Wayans e Rick Alvarez, mesma dupla do “capítulo” anterior.
A trama é o de menos aqui. Um ano após a morte de sua ex-namorada Kisha (Essence Atkins) em um evento sobrenatural, o atrapalhado Malcolm (o próprio Marlon Wayans) se muda para uma nova casa, acompanhado de sua atual companheira, Megan (Jaime Pressly), e dos dois filhos dela. Não demora para que a família se veja às voltas com um amigo imaginário, uma caixa amaldiçoada e uma boneca maldita.
Wayans e Alvarez logo mostram que o repertório cômico do longa é extremamente limitado, ficando preso em piadas étnicas e gags sobre sexo misturadas com algum humor físico. As situações rapidamente tornam-se chatas e repetitivas, como um amigo bêbado que conta a mesma anedota a cada trinta segundos e fica achando graça de si mesmo.
As próprias brincadeiras com a atual leva de filmes de terror, algo que deveria ser o carro-chefe da produção, em sua maioria são frouxas e óbvias – embora a simples solução para a situação da praga de insetos seja bastante divertida, admito.
O pior é que Marlon Wayans pode ser um bom ator. Darren Aronofsky provou isso em “Réquiem Para um Sonho”. Também trata-se de um intérprete carismático e com rosto expressivo, claramente talhado para a comédia. O problema é que o material que ele produz é fraquíssimo e incapaz de sustentar um longa.
Prova disso é que, antes de entrar no ciclo repetitivo já mencionado, algumas piadas funcionam, como o diálogo de Malcolm com o seu vizinho hispânico ou a brincadeira com a insegurança de Megan. Mas rapidamente essas mesmas piadas voltam a ser contadas de novo, de novo e de novo, o que mata qualquer chance da fita manter qualquer ritmo, revelando-se um espetáculo chato, que descamba para o constrangedor.