Gru, suas filhas e os Minions estão de volta, com o ex-vilão agora tendo de lidar com o crescimento das garotas, um romance acidental e um novo inimigo, em continuação que tenta reprisar o sucesso comercial do filme original.
Em 2010, a novata Illumination Entertainment tomou o mercado de filmes animados de surpresa ao lançar “Meu Malvado Favorito”, que arrecadou pouco mais de meio bilhão de dólares nas bilheterias mundiais e deixou os executivos da Universal, estúdio responsável pela distribuição do longa, sorrindo de orelha a orelha.
O potencial comercial da franquia era óbvio, especialmente pelos simpáticos e desastrados minions. Portanto, uma continuação foi encomendada, com as duplas de diretores e roteiristas do original (Pierre Coffin e Chris Renaud e Ken Daurio e Cinco Paul, respectivamente) voltando aos seus postos, buscando replicar o sucesso daquela película. Assim, nasceu este “Meu Malvado Favorito 2”.
O ex-vilão Gru, tendo abraçado seu papel de pai das garotinhas Margô, Edith e Agnes, encara agora os problemas e alegrias que vêm com a paternidade. Mas quando um novo supervilão surge, o carequinha é recrutado por uma agência secreta para encontrá-lo em meio a lojistas de um shopping na sua cidade.
Para ajudar, é trazida a agente Lucy Wild, que conquista as filhas de Gru e desperta nele um romantismo que ele mesmo havia esquecido. Claro que, em meio à trama principal, que ainda envolve um criminoso latino conhecido como El Macho, ainda temos os minions de Gru aprontando das suas trapalhadas, sendo depois trazidos para o plot central.
Continuando a evolução de Gru rumo a se tornar uma pessoa melhor graças à influência de suas filhas, a produção referencia sucessos que vão desde a série 007 (no seu antagonista extravagante e a mocinha de nome exótico) a “O Virgem de 40 Anos” (algo curioso, pois Steve Carell faz a voz de Gru na versão original). Mas, ao contrário de filmes menos cotados, tais referências à cultura pop não tomam conta da fita, que segue interessada em seus próprios personagens, algo que pode ser creditado à manutenção dos roteiristas do primeiro longa.
Com Gru tendo aceitado seu papel de figura paterna no capítulo anterior, o passo lógico para se tomar com ele seria apresentá-lo a dilemas com os quais a audiência adulta possa se identificar, fazendo isso de modo que as crianças entendam e se divirtam, algo que o filme consegue. O relacionamento de Gru com Lucy humaniza ainda mais o protagonista, não sendo algo forçado dentro da trama.
As inserções dos minions durante a projeção servem para criar momentos de pura descontração. Por mais que às vezes surjam desconexas do restante da fita, é impossível negar que as criaturinhas são realmente engraçadas e carismáticas, cumprindo sua função básica de fazer rir.
Já o plot envolvendo o vilão e seus planos malignos acaba jogado para escanteio. O antagonista principal se mostra muito desinteressante e nem sua adoração pelos trabalhos anteriores de Gru é aproveitada pelo roteiro. Até mesmo o frango que Gru e Lucy encaram no meio da fita é mais marcante.
O design de produção do filme investe em traços arredondados e em um tom adequadamente cartunesco e caricatural. No entanto, assim como o vilão não é bem aproveitado, os cenários referentes a este também não o são, se mostrando extremamente genéricos. Já o 3D só mostra ao que veio durante os créditos, impressionando nas maluquices envolvendo os minions em preparação ao futuro filme solo dos amarelinhos, mas com a tecnologia sendo pouco empregada durante o filme em si.
Leandro Hassum volta a dublar Gru e continua a acertar na dose do sotaque bizarro do careca. Maria Clara Gueiros não tem a mesma sorte, com sua voz não encaixando bem com Lucy, algo que compromete um pouco a dublagem, mas nada que prejudique a produção.
“Meu Malvado Favorito 2” vai certamente agradar a criançada e os fãs do primeiro filme. Não é um novo clássico da sétima arte e a fita poderia muito bem passar sem alguns dos seus clichês, mas garante risadas honestas e é um bom passatempo para as férias.