Comédia de paródia tem humor patético, atuações vergonhosas e roteiro preguiçoso, fazendo o espectador desejar mais do que nunca o fim da franquia.
“Todo Mundo em Pânico” chegou aos cinemas em 2000, com a proposta de ser uma comédia que tentava resgatar o subgênero de paródia ao estilo de “Apertem os Cintos… o Piloto Sumiu”, “Corra que a Polícia Vem Aí!” e dos filmes de Mel Brooks. Apesar da qualidade questionável, o longa alcançou um relativo sucesso de bilheteria, o que lhe rendeu várias sequências.
Esta quinta parte da série tem como foco a história de “Mama”, mas obviamente faz referência a vários outros filmes – independente do gênero – durante a narrativa, como “Atividade Paranormal”, “A Morte do Demônio”, “Cisne Negro”, “A Origem” e o prelúdio de “Planeta dos Macacos”. Originalmente, o longa seria uma paródia de “Pânico 4”, assim como o original foi uma paródia do primeiro longa da franquia de terror. Entretanto, o filme de Wes Craven não alcançou o sucesso comercial esperado, obrigando os produtores da paródia a mudar de ideia. Isto evidencia a fragilidade da proposta, que depende diretamente do conhecimento prévio do público sobre outras obras para ser minimamente compreendida.
Após um misterioso incidente envolvendo um casal, interpretado por Charlie Sheen e Lindsay Lohan, suas filhas Kathy (Gracie Whitton) e Lily (Alva Kolker) de algum modo – igualmente misterioso, mas desta vez, por culpa do roteiro – vão parar em uma cabana na floresta, onde são encontradas por uma dupla de drogados estereotipados vividos por Snoop Dog e Mac Miller. Depois de resgatadas, as crianças são adotadas pelo irmão de seu pai, Dan (Simon Rex), e sua esposa Jody (Ashley Tisdale). A partir disso, coisas estranhas começam a acontecer na casa da família.
No início da projeção, vemos os chamarizes Sheen e Lohan interpretando eles mesmos como um casal em uma das piores cenas do longa (e, provavelmente, de suas carreiras), onde o nível das atuações e das piadas alertam para a qualidade vergonhosa do que está por vir. As polêmicas em volta dos dois atores na vida real servem de base para boa parte do “humor” neste prólogo, tornando-o datado, além de tolo e desnecessário.
Aliás, as principais gags do filme são totalmente desnecessárias para o andamento da história, demonstrando a falta de criatividade e de desenvoltura dos roteiristas Pat Proft e David Zucker – que, não por acaso, dirigiu “Apertem os Cintos… o Piloto Sumiu” e “Corra que a Polícia Vem Aí!”. Esta incompetência também pode ser observada no teor apelativo de algumas cenas, onde o extremo mal gosto chega a ser ofensivo, principalmente na cena envolvendo Lily e um picolé.
Alguns momentos tentam emular o estilo de humor pateta dos filmes mudos, utilizando-se até de stop-motion em uma tentativa desesperada de oferecer algo que o público ainda não viu nos filmes anteriores. Isto ocorre de maneira tão fora de contexto que parecem cenas bônus durante o próprio filme. Quando uma paródia chega ao ponto de parodiar a si mesma – como em determinadas cenas que remetem ao primeiro longa da franquia –, é sinal que chegou ao fundo do poço.
Como se não bastasse, somado a tudo isso temos uma montagem fora de ritmo e de continuidade que prejudica mais ainda a efetividade do humor, que já não funciona por si só. “Todo Mundo em Pânico 5” certamente é o pior da série até agora e um dos piores filmes já feitos nos últimos anos. Isso se torna algo bom quando contribui para que não sejam realizadas mais sequências. Não é a toa que esta parte foi a que obteve o menor êxito financeiro de toda a franquia, sendo um dos casos em que a bilheteria traduz fiel e diretamente a qualidade da obra, não merecendo esta ser vista no cinema nem em lugar nenhum.