Longa mostra sua versatilidade em um suspense que envolve traumas e o grande mercado da indústria farmacêutica.
Com mais de 20 anos de carreira, Steven Soderbergh tem em sua lista filmes premiados como “Erin Brockovich- Uma Mulher de Talento”, “Traffic” e “Contágio”, explorando diversos gêneros e narrativas. Em 2013, o cineasta lança um suspense que mexe com o mundo da psiquiatria, intrigas e a grande indústria farmacêutica.
“Terapia de Risco” conta a vida de Emily Hawkins (Rooney Mara), uma jovem que não responde bem ao retorno do namorado da prisão, que cumpriu pena por favorecimento ilícito em um negócio na Bolsa de Valores de Nova York. Nitidamente deprimida, ela decide procurar ajuda especializada e chega ao psiquiatra Dr. Jonathan Banks (Jude Law), que receita um novo medicamento lançado no mercado para controlar a ansiedade. A princípio, Emily responde bem ao tratamento, porém os efeitos colaterais geram consequências inesperadas na vida da jovem.
Soderbergh discute as consequências de um tratamento médico mal resolvido. Na primeira parte do filme, Emily sempre aparece abatida devido aos efeitos colaterais de um remédio visto como inofensivo pelos médicos, mas que tornam a jovem potencialmente perigosa por suas atitudes agressivas e distúrbios emocionais bipolares. O longa prende a atenção do espectador, pois, a princípio, nenhum personagem assume o papel de vítima, e a cada revelação a trama vai tomando novos rumos.
O elenco é composto por grandes atores, com destaque para Rooney Mara. A atriz desenvolve uma personagem intrigante que dosa bem o descontrole gerado pelas sequelas do tratamento. Além de Mara, o elenco ainda traz os veteranos Channing Tatum, Jude Law e Catherine Zeta-Jones. Escrito por Scott Z. Burns, mesmo roteirista que trabalhou com Soderbergh em “Contágio”, “Terapia de Risco” possibilita interpretações ousadas do seu elenco.
Com o pseudônimo de Peter Andrews, Soderbergh também é responsável pela direção de fotografia, tão particular em seus filmes. O longa realiza um bom balanço ao mostrar os momentos de alegria em tons pastéis e os dramáticos em tons mais escuros. Sendo um longa analítico e bem apresentado narrativamente, “Terapia de Risco” mostra mais uma vez o lado obscuro da indústria farmacêutica, com um desfecho surpreendente.