Jon Lucas e Scott Moore, responsáveis pelo roteiro da trilogia estrelada por Bradley Cooper e Zach Galifianakis, rejuvenesce seus personagens, adiciona uma boa dose de insanidade e consegue fazer divertir quase sem compromisso.
Bebedeiras incontroladas, animais selvagens cruzando o caminho dos personagens, uma boa dose de falta de noção da realidade, um asiático com o dom de causar problemas e um compromisso a ser assumido ao final de tudo isso. Não, não estamos falando de “Se Beber, Não Case!”, mas poderíamos estar, já que as semelhanças são evidentes. Trata-se de “Finalmente 18” (ou 21, como no título original) , filme dirigido e escrito por Jon Lucas e Scott Moore, os mesmo responsáveis por quais longas? Exatamente pelo roteiro da trilogia daquele grupo de amigos inconsequentes que deixaram sua marca em Las Vegas e na Tailândia. Dessa vez, porém, eles estão mais novos, atingindo a maioridade, mas fazendo quase o mesmo estrago e divertindo como seus colegas mais famosos.
A localidade “vítima” agora, no entanto, não possui tantas particularidades. Na verdade, poderia ser qualquer cidade universitária cercada por irmandades e bares. É para lá que Miller (Miles Teller), um jovem tresloucado, desses bem desajuizados, vai para encontrar seus amigos. Um deles é Casey (Skylar Astin), um rapaz judeu comportado de quem tem se afastado nos últimos anos. O outro é Jeff Chang (Justin Chon), estudante que está completando 21 anos e que possui um compromisso inadiável pela manhã. Miller, porém, convence-os (o melhor seria dizer “carrega-os”) para celebrar a data. A partir de então, o trio passa a protagonizar as mais medonhas histórias, fazendo até a polícia agir para contê-los.
Sem aparente compromisso com qualquer tipo de seriedade, o filme permite-se armar as mais inimagináveis estrupulias, começando, claro, por aquelas ocasionadas primordialmente pela ingestão de álcool. Logo, um mero jogo de tiro ao alvo vira motivo para brigas e a entrada em locais antes proibidos pela falta de idade é razão para festejos sem limites. E o “sem limites” aqui assume um literal sentido, desde que a lei não se faça valer. O que vem depois é mera consequência do que aprontaram durante a noite, ocasionando uma grande bola de neve difícil de ser contida.
Nada disso seria possível se o roteiro de Lucas e Scott não fizesse de Miller o “sem noção” da vez, aquele rapaz que pode e deve ser apontado como o grande culpado por todos aqueles fatos do quais nunca nos esqueceremos. Miles Teller dá ao protagonista o carisma necessário para suportarmos suas sandices durante 90 minutos, mesmo que elas cansem um pouco na meia hora final, exatamente quando a trama parece ultrapassar um pouco a fronteira do exagero aceitável e torna-se repetitiva e apelativa. O ator também valoriza os diversos diálogos que caracterizam o longa. Falando de forma bastante rápida, quase ininteligível, ele transforma papos sobre nomes de atores ou sua origem latina em motivos para vários risos.
O outro responsável por gargalhadas é Justin Chon. Como o recém-nascido estereótipo hollywoodiano, do hilário asiático, ele cumpre sua função ao transformar rapidamente um universitário pressionado pelos mandos do pai que concorda em apenas tomar uma cerveja para relaxar em um jovem completamente embriagado, daqueles que não conseguem sequer ficar em pé. É de Chon as melhores cenas, e elas não são poucas e curtas. Utilizando-o sem qualquer moderação, a história ganha muito em humor desmedido e também ao permitir improvisações que em muito acrescentam aos intentos básicos dessa comédia, fazer rir.
Já Skylar Astin surge como o personagem discreto da vez. Seu Casey não é um completo chato que interrompe a diversão alheia. Deveria estar ali apenas para dar alguma noção de realidade aos amigos. No início, ele até deixa-se levar, embarcando e sendo levado a embarcar nas loucuras de Chang e Miller. No entanto, ele acaba exercendo uma função errônea na narrativa, a de introduzir seriedade. E ela vem em doses maiores do que a permitida, especialmente no último ato. Seu inocente romance pode até não incomodar, mesmo com seus lugares comuns e conclusões fáceis. Mas as suas discussões de relacionamento com Miller soam deslocadas, pertencentes a um outro filme adolescente nem tão cômico assim.
O mesmo pode-se dizer da relação de Chang com seu pai e consigo mesmo. Há demasiado drama nesse amor fraternal. Mudando de tom em sua meia hora final, assim como tornando-se extremamente previsível com suas piadas, “Finalmente 18” perde a oportunidade de deixar sua marca cravada definitivamente na mente de seu público alvo. Mas o fato é que quando propõe a divertir, o filme o faz com êxitos. Proporcionando hilários momentos de escatologia, nudez e bebedeiras quase sem compromisso, essa comédia adolescente comprova que Jon Lucas e Scott Moore são bons quando o assunto é farra.