Dwayne The Rock Johnson explora frustradamente sua faceta dramática em longa de resultados satisfatórios.
Dwayne Johnson, alcunhado The Rock, é, atualmente, um dos mais célebres e carismáticos action heroes do cinema de ação contemporâneo no imaginário popular. Em “O Acordo”, dirigido pelo ex-dublê Ric Roman Waugh, o ator é convidado a se retirar da zona de conforto e desafiado a viver um personagem carregado de drama que não tem a porrada como válvula de escape.
Escrito por Justin Haythe (“Foi Apenas um Sonho”) e Waugh, o longa acompanha a jornada do empresário John Matthews (The Rock) após assistir à injusta prisão de seu filho por narcotráfico internacional. Condenado a dez anos de cárcere, Jason Matthews (Rafi Gavron) teria que dedurar os seus ‘comparsas’ se quisesse ter sua pena reduzida. Determinado a ajudar a promotoria a realizar as prisões dos responsáveis em troca da redução da pena do filho, Matthews se infiltra no submundo do narcotráfico com o apoio de Daniel, ex-presidiário vivido por Jon Bernthal (o Shane da série “The Walking Dead”).
No Brasil, “O Acordo” parece se vender como um filme de ação policial, afinal é o que propõe a figura ameaçadora de The Rock no pôster nacional, com direito a um caminhão pegando fogo ao fundo. A ação, tal como percebemos ao longo da narrativa, é muito mais acidental do que essencial para o desenvolvimento da história que a dupla de roteiristas quer contar. A dificuldade de Johnson em se portar como ator dramático e a eclipsagem que o elenco coadjuvante promove em cima do protagonista (com destaque para Susan Sarandon e Jon Bernthal) fragilizam progressivamente o roteiro de Haythe e Waugh.
Ao passo que é inverossímil testemunhar The Rock apanhando de três mequetrefes e chorando em frente às câmeras, é impressionante ver a naturalidade e a competência com que Jon Bernthal compõe o seu personagem. Em sua performance, o ator representa tudo aquilo que falta no protagonista: emoção. Outrossim, Ric Waugh mostra maturidade no seu trabalho de direção quando diz respeito às raras sequências de ação. O cineasta manipula a câmera na mão e a montagem com uma eficiência que poucos colegas de sua geração possuem, daí talvez a importância da sua formação como dublê de filmes de ação dos anos 80.
Apesar de bem intencionada, a narrativa de “O Acordo” passa por sérios problemas espaço temporais, onde o ritmo apressado engole as passagens de tempo e o deslocamento dos personagens dentro de seu universo. Uma prova disso é a ascensão meteórica de Matthews no contrabando de drogas. Depois de apenas um bico para um traficante local, o protagonista já é intimado a transportar US$ 83 milhões para um dos cartéis de drogas mais perigosos dos EUA.
Assim, enquanto The Rock se esforça e falha na tentativa de cativar em seu papel, “O Acordo” compensa em outros fatores, ora pela direção bem conduzida, ora pela intensidade das performances dos atores coadjuvantes.