Em série de curtas-metragens, cuja justificativa para se conectarem é nada menos do que ridícula, astros e estrelas de Hollywood provam que sabem falar palavrões, insinuar (e realizar) obscenidades e fazer péssimas escolhas para a própria carreira, como participar deste filme.
Se anteriormente os motivos para uma reunião de atores famosos no mesmo filme giravam em torno de datas comemorativas, cuja graça (ou falta dela) era ver suas tramas se conectarem em plenas metrópoles americanas, como em “Idas e Vindas do Amor” e “Noite de Ano Novo”, agora ela não é mais necessária. Desta vez, astros e estrelas de Hollywood estão envolvidos em pequenos curtas-metragens sem qualquer relação entre si, a não ser pelo fato de exibirem e abordarem obscenidades e escatologias bem além do suportável e recomendável, fazendo deste “Para Maiores” nada mais do que uma mancha eterna e desnecessária na carreira de alguns deles ou mais um fracasso no currículo de outros menos seletivos.
Halle Berry, Anna Faris, Uma Thurman, Jason Sudeikes, Sean Williams Scott, Johnny Knoxville e Gerard Butler são alguns dos vários nomes reconhecidos mundo afora envolvidos neste vergonhoso projeto. Mas tudo estaria relativamente normal, já que escolhas ruins têm sido a tônica na carreira de todos os citados, se Liev Schreiber, Naomi Watts, Hugh Jackman, Richard Gere e até Kate Winslet (o que ganhar um Oscar não faz, hein?) não integrassem o filme. Juntos eles protagonizam uma série de esquetes cômicas, em sua maioria, mal contadas e de mau gosto, que bebem incessantemente da fonte do non-sense e que terminam subitamente ou cujo desfecho pode fazer os com estômagos mais sensíveis desejar vomitar.
Iniciado com uma trama que mostra dois adolescentes e seu computador buscando armar uma pegadinha para uma nem tão ingênua criança, a película tenta encontrar um filão que una os curtas que virão adiante. Mas a fragilidade da história e o amadorismo da direção de Bob Odenkirk é tão notório que a necessidade de sua existência pode e deve ser questionada, piorando sua qualidade à medida que suas pretensões medonhas aumentam e uma respiração entre os segmentos se mostra essencial.
Fingindo que compramos a justificativa oficial da existência de “Para Maiores”, passamos a acompanhar, então, um desfile de atores famosos em situações embaraçosas. As primeiras vítimas são ninguém menos que Kate Winslet e Hugh Jackman, que protagonizam uma história que mais parece saída de um filme dos irmãos Wayans. Algumas risadas de espanto podem acontecer, mas ao nos acostumarmos com a falta de limites dos curtas, elas vão cessando e cada vez mais se transformando em caretas de desconfiança, raramente gerando momentos hilários novamente.
Não se espante, então, ao deparar-se com um conto amoroso celebrado a base de fezes, com pais beijando filhos ao ensinar-lhes como curtir a vida sem sair da própria casa ou gatos animados pervertidos masturbando-se com fotos de Josh Duhamel. Não falta também preconceito, com as mulheres sendo desrespeitadas em quase todas as tramas, mas especialmente no segmento “iBabe”, e com os negros, reduzidos a homens sem confiança, mas donos de “dotes” invejáveis, como mostra o segmento “Victory’s Glory”.
Os melhores momentos do filme (o mais apropriado seria dizer “menos ruins”) acontecem quando os exageros são deixados de lado e um pouco de inteligência e humor negro são incluídos. Logo, ver a personagem de Chloe Grace Moretz ter de encarar a primeira menstruação na masculina casa do paquera de colégio soa como uma boa dose de inocência neste projeto sem escrúpulos. Também é inevitável não achar graça nas falsas publicidades “Tampax” e “Machine Kids” que trazem piadas eficientes e que ajudam a pontuar o longa-metragem com suas ainda mais curtas durações.
Super-heróis “desbocados” e fadas pervertidas, porém, tratam de elevar novamente a péssima qualidade da película. Mais parecendo um programa humorístico super-produzido, mas de gosto duvidoso, “Para Maiores” suja o nome ainda de seus roteiristas e diretores, dentre eles Peter Farrelly e Brett Ratner, bem como o de Elizabeth Banks, ainda em início de carreira na função. Soando muito mais como um projeto que tinha como objetivo fazer seus atores se divertirem durante as filmagens, o filme falha até em exibir tal fato, como tenta fazer em seus créditos finais. E ao final destes, a pergunta que fica é “o que eu acabei de assistir?”. Logo, passe longe, bem longe!