A lucrativa franquia “Jogos Mortais” chega ao sétimo longa metragem com o mesmo desgaste dos dois últimos exemplares. No que promete ser o final da saga iniciada por Jigsaw, este apenas repete fórmulas vistas anteriormente.
Em 2004, o serial killer Jigsaw (Tobin Bell) surgiu nos cinemas criando armadilhas mortais para pessoas que “mereciam” estar nelas. A ideia era testar a vontade de viver das vítimas por meio de escapes mirabolantes. O que mais encantava em Jigsaw era a inteligência de seus jogos e o fato de que, mesmo sendo um assassino, ele era acessível ao público e, de certa forma, simpático (hoje temos algo parecido em “Dexter”, apesar das diferenças). Nos quatro primeiros exemplares, foi possível presenciar diversos tipos de abordagem que os roteiristas ofereciam ao público. O inesquecível segundo filme, uma espécie de reality show forjado, talvez seja o melhor da série justamente por dar a sensação de que Jigsaw e seus jogos estão à frente até do próprio espectador.
Até o quarto filme, foi possível ver algo substancial na franquia. As armadilhas de Jigsaw realmente transformavam quem conseguia se livrar delas. É tanto que Amanda (Shawnee Smith) foi uma fiel seguidora, porém seu descontrole fugiu dos princípios de seu mestre: as armadilhas que ela criava eram praticamente impossíveis de escapar. Então, até por um princípio lógico do argumento da série, ela não seria a pessoa mais adequada para substituir Jigsaw após sua morte. Então apareceu Hoffman, um policial violento que entra no comando dos jogos mortais. A falta de carisma o transformou em um assassino sem muito atrativos. O que podemos ver neste sétimo filme é que ele, assim como Amanda, não é uma pessoa adequada para orgulhar Jigsaw, já que ele é um apenas mais um assassino que não vê problemas em matar.
Hoffman monta os jogos baseado nos princípios de Jigsaw, mas ainda assim mata aleatoriamente. Talvez isso tenha prejudicado essa tão desgastada franquia que, em “Jogos Mortais 7”, prova que não tem mais para onde ir (apesar de que bilheteria alta sempre faz surgir mais um novo filme). Na trama, Hoffman se vê ameaçado por Jill (Betsy Russell), que o denuncia para a polícia. Em paralelo, ele monta um jogo sequencial, assim como utilizado anteriormente, para Bobby Dagen (Sean Patrick Flanery), que atingiu fama e fortuna após lançar um livro mentiroso sobre ter sobrevivido aos jogos de Jigsaw. O resto é mais um pouco do mesmo.
A única diferença neste capítulo da franquia é a adaptação para o formato 3D, obviamente jogando sangue e pedaços de corpos na cara do espectador. Aqui é interessante ressaltar que vemos um bom trabalho na criação das perspectivas dos cenários e dos efeitos visuais de determinadas cenas, ainda que a tecnologia não tenha tanto destaque assim. Os jogos continuam sangrentos. O prólogo mostra que o assassino já não faz questão de esconder sua maldade e até começa com um bom ritmo, mas a tentativa de criar subtramas demais prejudica o resultado final e enfraquece o longa.
Vale destacar a volta do Dr. Gordon (Cary Elwes), vítima que sobreviveu no primeiro “Jogos Mortais” após cortar um pedaço de sua perna. Até então, o paradeiro dele estava desconhecido e aqui os roteiristas Marcus Dunstan e Patrick Melton acertaram ao incluí-lo na história. O diretor Kevin Greutert está mais familiarizado com o cargo, apesar de ainda não ter momentos muito inspirados e que possa dar um novo fôlego à franquia. As atuações, como sempre, são expressivas apenas por exigir dos atores um pouco de pânico quando estes forem vítimas de uma armadilha. Tobin Bell faz uma ponta até interessante, mas não causa, assim como nos últimos filmes, aquela sensação de nostalgia e competência que demonstrou nos primeiros filmes.
Ao final deste final, que talvez não seja o final mesmo, o que nos resta é lamentar que não haja mais fôlego para a franquia. O público vouyer que gosta de ver armadilhas bizarras e muitos miolos na tela é o que impulsiona a boa bilheteria que, de qualquer forma, a série acaba arrecadando. Entretanto, qualidade que é bom não existe mais. Resta apenas aos fãs de Jigsaw a melancolia de que um dia já foi muito bom assistir “Jogos Mortais”.