Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 23 de outubro de 2010

Piranha 3D

O longa mais parece a volta dos filmes trash aos cinemas e por pouco não ganhou o título de “a bomba do ano”.

Suor, sexo, sangue, essas são as palavras-chave do longa “Piranha 3D” que,  embora prometa muito terror e sangue, não escapa da comédia devido a  algumas situações no mínimo toscas ou mal elaboradas. Um grupo decide passar o feriado a beira de um lago. A curtição era total até um terremoto surgir e liberar um grande número de piranhas que, por sua vez, vão transformar todo mundo que estiver a sua frente em comida. Resta a policial Julie Forester a difícil missão de controlar aquela situação um tanto que inusitada.

A direção é do francês Alexander Aja, de “Viagem Maldita”, que também tem participação no roteiro com quem dividiu o trabalho com Grégory Levasseur. O script, assim como quase tudo no filme, é totalmente dispensável. Na verdade, ele serve de pretexto para a situação clímax do longa responsável pelo principal mote do filme, as mortes. O diretor consegue pelo menos transformar o longa em um verdadeiro show com direito a cenas de ação metricamente ensaiadas, cenas de marketing promocional puro e principalmente sequências de morte que no 3D causam um efeito interessante.

O que mais agrada no longa é o clima descomprometido e isso interessa por justamente não criar uma expectativa falsa no público. Tudo bem que há toda uma tentativa em transformar o filme em um “hit” de ação-terror, mas isso não acontece muito bem devido a falta e credibilidade da história com ela própria que não consegue se definir. É um festival de curtição, gente bonita e inconsequente, em um perfeito cenário para o espetáculo. A fotografia é regada de cores alegres e fortes, contribuindo com o clima jovem.

Acrescentemos a tudo isso um grande número de personagens contratados apenas para servirem de comida das piranhas. A protagonista do longa é a policial Julie Forester, interpretada pela americana Elisabeth Shue, de “Amigo Oculto”. Ela é quem tenta fazer o espectador acreditar no absurdo que é aquela história , mas não consegue devido ao fato de que o público sabe o que ele quer ver e acreditar e, aqui, o que todo mundo quer ver são as mortes causadas pelas piranhas assassinas. Destaque também para a participação de Christopher Lloyd, um tanto discreto como um cientista.

E se tudo está no clima de curtição, a trilha sonora não é diferente. Repleta de batidas bem conhecida pelos jovens, ela contribui ainda mais para o clima proposto. O grande problema é que isso não sai do clichê na medida em que se pode observar que em toda cena em que a galera se diverte ao som de músicas dançantes o final tem sangue no meio. Analisando dessa forma, o filme é um grande clichê do terror, mas ele não o cria o seu principal objetivo. Situação semelhante ao ocorrido no filme “Malditas Aranhas” que, assim como esse, não funcionou.

Quanto ao 3D do filme, pode-se dizer que ele é eficiente por contribuir para uma válida sensação em que o espectador está perto a matança no filme. James Cameron, de “Avatar”, andou falando mal da forma como a tecnologia foi utilizada nesta obra. O que ele tem que entender é que o 3D tem que ser, nos tempos de falta de originalidade, oportuno e original, correndo o risco de não conseguir o efeito almejado. É nesse ponto que tal recurso, aqui, é bastante válido. Cada cena de morte na obra é única, para o bem ou para o mal.

Longe de ser um bom filme, “Piranha 3D” é um interessante programa para os fãs do gênero terror apreciarem e, logo depois, debaterem sobre os novos rumos do gênero, antes que seja tarde demais.

Marcus Vinicius
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