Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 09 de outubro de 2010

Eu e Meu Guarda-Chuva

Baseado no livro infanto-juvenil escrito pelo músico Branco Mello, o ator Hugo Possolo e o músico e escritor Ciro Pessoa.

A aventura se passa quando as aulas estão prestes a começar. O herói aqui é Eugênio, um garoto de 11 anos que vive com a mãe e sente saudades do avô que lhe deixou como herança um guarda-chuva, objeto que vai servir-lhe de bastante ajuda durante o longa.  Ele e seu melhor amigo Cebola metem-se em um fantasioso plano repleto de fatos inimagináveis para resgatarem a colega de classe Frida que foi sequestrada pelo fantasma do temível Barão Von Staffen. Este mais parece ser uma metáfora do fantasma da volta às aulas.

Antes de qualquer coisa, são inevitáveis as comparações com a franquia “Harry Potter” e elas estão por toda parte. No jovem herói da obra, nos seus amigos, no lima estudantil, na própria fotografia e principalmente no tom mágico da história, entre outras. E se toda essa semelhança tem fundamento, deve ser destacado que a produção brasileira diferencia-se justamente pela sua essência nacional. A história e os personagens são mais próximos do público, o que transmite um clima tão interessante quanto o do observado nos filmes do bruxinho da autora J.K. Rowling. A semelhança existe, mas o filme não pode ficar resumido a ela.

A direção é do estreante Toni Vanzolini, conhecido até então por seus trabalhos como diretor de arte nos filmes “Eu, Tu, Eles”, “O Homem do Ano”, “Brincando nos Campos do Senhor”, entre outros. Neste primeiro trabalho na direção ele foi competente em deixar a obra ter sua própria cara e não seguir pelo caminho de copiar outras obras, algo que até ocorre, mas não com tanta força como se imaginava. Já o roteiro também tem um pouco disso. Ele foi bem adaptado à medida que valorizou o aspecto diferencial da trama, embora, no fim das contas, isso não faça muita diferença.

O que não funcionou e acabou retirando um pouco da magia da película foram suas atuações. Elas podem ser classificadas de forçadas a caricatas. Os pequenos heróis do longa interpretados por Lucas Cotrim , Victor Froiman e Rafaela Victor até tentam, mas não conseguem esconder que nem mesmo eles acreditam nessa história de magia com fantasmas e objetos mágicos. E se eles não acreditam, imagina o público. Quem salva, mais uma vez, é quem tem mais experiência. Daniel Dantas faz um bom trabalho na pele do fantasma do Barão Von Staffen e as melhores cenas do longa são as em que têm sua participação.

Um ponto forte da obra que merece ser destacado é a fotografia. Tons escuros, desde o início, criam um permanente clima sombrio bem propício à mesma, que estimula o lúdico dentro de um ambiente fantasioso e cria um clima envolvente que muito agrada ao público deste gênero. Junta-se isso o fato de que a história se passa em grande parte dentro de um castelo mal-assombrado e temos um visual bem característico.

E se a fotografia muito contribuiu para que a obra não passasse totalmente despercebida, esse fato deve-se também em grande parte aos efeitos visuais que são interessantes por não fugirem de sua realidade local e financeira. Eles podem até ser classificados de comuns ou medíocres se comparados aos do filme do Harry Potter, mas eles dão um padrão muito interessante à obra, o que ressalta ainda mais o caráter brasilidade da obra.

“Eu e Meu Guarda-Chuva” é recomendado não apenas para as crianças e seus pais que tudo suportam pela diversão de seus filhos, mas também para todos aqueles que possuem um espírito aventuresco dentro de si e não ligam para a diferença entre os filmes nacionais e os de fora. Uma espécie de “Harry Potter” em uma interessante versão brasileira.

Marcus Vinicius
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